Escritora e promotora de Justiça, Andrea Nunes participa de evento literário na França
Autora prepara lançamento de "Presunção de Inocência", seu novo livro, que une o universo do Direito e da investigação policial
Paraibana radicada no Recife, Andrea Nunes está com viagem marcada para Paris. A promotora de Justiça e escritora, conhecida pelos romances policiais, viaja à convite da Universidade de Sorbonne, para falar sobre suas obras e debater a produção literária nordestina.
A série de palestras integra o programa “Printemps Bresilien”, que já levou para a instituição francesa nomes como Marcelo Rubens Paiva e Gregório Duvivier. Andrea participa de diversas atividades acadêmicas dentro e fora da universidade, entre 10 e 16 de novembro, como parte dos eventos que encerram a programação cultural do Ano do Brasil na França.
“Fiquei muito honrada com o convite, sobretudo por ter sido - até onde sei - a única mulher nordestina a ser convidada para esse programa tão prestigioso”, afirma a escritora, em entrevista à Folha de Pernambuco. “Isso aumenta a minha responsabilidade de traduzir em palavras toda a pujança da cultura nordestina e a força da mulher brasileira”, complementa.
Um dos focos das apresentações de Andrea na Sorbonne é falar sobre seu próximo lançamento literário. “Presunção de Inocência”, que une o universo policial e jurídico em um enredo de mistério, deve chegar às mãos dos leitores no ano que vem, através da Flyve, editora paulista especializada no segmento jovem adulto.
Antes mesmo de ser publicado, o romance já vem rendendo reconhecimento à autora. Ela é uma das dez semifinalistas da categoria romance inédito do Prêmio LOBA Festival 2025, que deve anunciar suas vencedoras em dezembro. Ambientada em uma universidade, a obra foi classificada pelo escritor e crítico literário Wellington de Melo como “a Hogwarts do Direito”, em referência à popular franquia literária criada pela britânica J. K. Rowling.
Para Andrea, embora seu livro tenha uma brasilidade pujante e se proponha a trazer questionamentos bastante diferentes do que a saga de Harry Potter oferece, a comparação é feliz. “Quem há de contestar que o debate entre o certo e o errado - uma arte que desperta paixões há séculos e que é a síntese do Direito - e o combate ao crime, com conhecimentos milenarmente transmitidos aos iniciados, não sejam uma espécie de escola de magia?”, questiona a paraibana.
Na trama, alunos de destaque de Direito investigam crimes misteriosos ligados ao Campus de uma universidade situada nos arredores de Brasília. Para isso, o grupo conta com os ensinamentos de uma dupla de professores de métodos nada ortodoxos, que ensinam a enfrentar a alta criminalidade de um modo que não se aprende nas cartilhas acadêmicas.
O romance entrelaça a investigação aos dramas e segredos envolvendo membros ficcionais da alta cúpula dos poderes do País, criando uma narrativa com diversas camadas de tensão. “Acredito que a obra, na verdade, vem a suprir uma lacuna na literatura brasileira, que, apesar de ter milhões de leitores aficionados em suspense universitário, não possui livros expressivos focados nessa temática”, aponta.
Autora também de “O código numerati” (2010), “A corte infiltrada” (2019), “Jogo de cena” (2019) e “Corpos Hackeados” (2021), Andrea Nunes conquistou alguns prêmios literários, como o concedido pela Associação Brasileira de Autores de Romance Policial, Suspense e Terror. Em paralelo, ela mantém uma carreira no Ministério Público de Pernambuco desde 1995, experiência que também alimenta sua escrita.
“O trabalho numa instituição como o MPPE me obriga a me aperfeiçoar cotidianamente na reflexão de temas como o crime, a liberdade, a ética e a dignidade humana. Se eu quiser promover efetivamente justiça, tenho que acompanhar como o mundo evolui nesses conceitos e, quanto mais me conecto a essas reflexões, mais percebo a riqueza desses temas sob o ponto de vista literário”, reflete.