Crítica de Lula à "matança" no Rio em megaoperação provoca embate entre governo e oposição
Parlamentares de direita acusam presidente de desrespeitar policiais; Guimarães diz que declaração foi 'correta' e reflete posição do Planalto
A crítica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o que chamou de "matança" na megaoperação policial que deixou 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio, desencadeou reações no Congresso.
Enquanto parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro acusaram Lula de “desrespeitar” as forças policiais, aliados do Planalto afirmaram que o petista apenas expressou uma preocupação humanitária e política legítima.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), saiu em defesa de Lula e afirmou que a fala do presidente “reflete a posição oficial do governo”.
— O que o presidente Lula fala expressa a opinião do governo. Nas mortes dos bandidos que aconteceram lá, houve inocentes no meio. Isso não pode ser assim. É uma reação correta do presidente Lula — disse Guimarães a jornalistas.
Na entrevista a correspondentes internacionais, Lula havia classificado a ação policial como uma “matança” e disse ser importante investigar “em que condições ela ocorreu”. O presidente afirmou ainda que a operação foi “desastrosa do ponto de vista da ação do Estado” e que o governo federal tenta participar da apuração por meio de peritos da Polícia Federal.
A fala de Lula foi duramente criticada por senadores e deputados da oposição, que o acusaram de “criminalizar” as forças policiais e “vitimizar bandidos”.
— Primeiro, Lula ficou calado um tempão. Agora, quando fala sobre o que aconteceu no Rio, pediu alguns minutos de silêncio pelos policiais que representam o Estado brasileiro? Não. Sabe o que ele disse? Que houve uma matança no Rio de Janeiro — criticou o senador Márcio Bittar (PL-AC), em discurso no plenário.
Nas redes, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) afirmou que Lula “desmoraliza quem combate o crime”, enquanto o senador Ciro Nogueira (PP-PI) escreveu que “o presidente escolheu o lado dos bandidos”.
Também se manifestaram Magno Malta (PL-ES), Hamilton Mourão (Republicanos-RS), Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Cabo Gilberto (PL-PB), todos em tom de ataque.
— No Brasil, onde mais de 40mil cidadãos são mortos por ano, Lula continua passando a mão na cabeça de bandido. Ao falar sobre a operação no Rio, que tirou de circulação bandidos, chamou de “matança”, mas esqueceu dos policiais mortos, que perderam a vida na luta contra o crime— disse o deputado Alfredo Gaspar (União-AL), relator da CPI do INSS.