Resistência de Pacheco em disputar governo de MG pode dificultar aprovação de Messias no STF
Lula apostava em acordo sobre candidatura a governador para pacificar ambiente no Senado
A resistência do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) em aceitar o apelo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para concorrer ao governo de Minas pode se transformar em mais um obstáculo para a aprovação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para ocupar a vaga de Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com aliados, Lula foi para a conversa com Pacheco, na noite de segunda-feira no Palácio do Planalto, com a expectativa de que o senador aceitasse ser o seu candidato no estado no ano que vem. Mas ele repetiu ao presidente que tem a intenção de encerrar a sua vida pública ao final do atual mandato em 2026.
Na visão de auxiliares de Lula, caso Pacheco saísse da conversa com um acordo para disputar a eleição em Minas, indicaria aos demais senadores, que defendem o seu nome para o Supremo, um cenário pacificado com o presidente. Como isso não aconteceu, as resistências a Messias, na visão do Planalto, podem se acirrar.
Mas mesmo com a preferência ampla dos senadores por Pacheco, já manifestada pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP) no dia 20 de outubro em reunião no Alvorada, Lula não se mostra disposto a rever a sua decisão de indicar o advogado-geral da União.
Na conversa da noite de segunda-feira com Pacheco, o petista disse ao senador, segundo aliados, que teria um outro caminho que não ele ao STF, em referência à sua preferência pela indicação de Messias.
Caso tenha a indicação confirmada, o advogado-geral da União terá que ser sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado e depois aprovado por pelo menos 41 parlamentares no Plenário da Casa.
Na semana passada, a votação apertada no Senado para a recondução do procurador-geral da República, Paulo Gonet, despertou um alerta em aliados do governo. Gonet foi aprovado para um novo mandato na PGR por 45 votos a 26, placar mais apertado desde a redemocratização.