Presidente do Master, Daniel Vorcaro construiu rede de contatos político
Banqueiro foi preso nesta terça-feira pela Polícia Federal
Preso nesta terça-feira pela Polícia Federal ao tentar deixar o país, Daniel Vorcaro, presidente e controlador do Banco Master, construiu ao longo dos anos uma rede de contatos que ultrapassa o setor financeiro, mantendo relações com a política.
Entre os aliados próximos de Vorcaro na capital federal estão o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do partido e ex-ministro da Casa Civil no governo Jair Bolsonaro; e o presidente do União Brasil, Antonio Rueda. Ambos foram procurados e não se manifestaram.
Com a decisão do Banco Central de vetar a venda do Master ao BRB, há cerca de dois meses, Vorcaro buscou o ex-presidente Michel Temer para tentar preservar ao menos parte da operação, segundo a colunista do GLOBO Malu Gaspar.
Outro nome da rede de Vorcaro é o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. De acordo com o colunista Lauro Jardim, o ex-ministro foi contratado para atuar pela aprovação da compra do Master pelo BRB.
Após o Banco Central indicar que rejeitaria a operação entre Várcaro, do Master, e o BRB, houve uma forte reação no Congresso. Parlamentares passaram a ameaçar a votação de um projeto que revoga ou reduz a autonomia do Banco Central, numa tentativa de pressionar a instituição a rever a sinalização inicial.
O atual ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, por sua vez, fez parte do comitê consultivo estratégico do banco — antes de fazer parte do governo Lula. Mantega foi procurado, mas não se manifestou.
Já o Ministério da Justiça informou que Lewandowski, depois de deixar o Supremo Tribunal Federal (STF), em abril de 2023, retornou às atividades de advocacia. Além de vários outros clientes, prestava serviços de consultoria jurídica ao Banco Master.
"Ao ser convidado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o Ministério da Justiça de Segurança Pública, em janeiro de 2024, Lewandowski retirou-se de seu escritório de advocacia e suspendeu o seu registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)", diz uma nota produzida pela pasta.
Em outubro do ano passado, em entrevista à revista "Piauí", o banqueiro disse que seus contatos remodelaram sua própria forma de ver a política. Segundo ele, tornou-se “menos preconceituosa”.