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"Argumento de tentativa de fuga para prisão é frágil", diz Ricardo Nunes sobre prisão de Bolsonaro

Em postagem nas redes sociais, o prefeito paulista manifestou solidariedade ao ex-presidente, afirmando que ele está com a saúde debilitada e considera "drástica" a decisão de Alexandre de Moraes

Ricardo Nunes - Nelson Almeida/AFP

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes ( MDB), manifestou solidariedade ao ex-presidente Jair Bolsonaro, preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal ( STF), na manhã deste sábado.

Na publicação, Nunes afirma que Bolsonaro enfrenta “toda essa situação com a saúde debilitada” e, mesmo assim, segue “cumprindo com suas obrigações, inclusive com a Justiça”.

O prefeito também criticou a decisão que levou à prisão do ex-presidente, afirmando que a realização de uma vigília na porta de sua casa não pode ser motivo para a medida.

Segundo ele, agentes da Polícia Federal já fazem monitoramento permanente no local, o que, na avaliação do prefeito, qualquer argumento de tentativa de fuga é frágil. Nunes não comentou argumento de que o ex-presidente tentou violar tornozeleira eletrônica.

“Minha solidariedade ao Presidente Bolsonaro que passa por toda essa situação com a saúde debilitada e, ainda assim, sempre cumprindo com suas obrigações, inclusive com a Justiça. A realização de uma vigília não pode ser motivo para medida tão drástica. Agentes da Polícia Federal fazem o monitoramento 24 horas na porta de sua casa, o que faz parecer frágil qualquer argumento de tentativa de fuga. Oremos”, escreveu.

Nunes firmou uma aliança com Bolsonaro na eleição do ano passado. Apesar de uma resistência de ambas as partes, o ex-presidente cedeu sua “benção” ao prefeito com a condição de indicar seu vice, o coronel Ricardo Mello de Araújo ( PL).

No segundo mandato e tentando viabilizar uma possível candidatura ao governo do Estado, caso Tarcísio de Freitas ( Republicanos) tente disputar a presidência da República, Nunes se aproximou das pautas e lideranças bolsonaristas.

Prisão
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso preventivamente na manhã deste sábado. A decisão foi tomada porque o ministro Alexandre de Moraes considerou haver risco de fuga e avaliou que não existiam mais condições para manter a prisão domiciliar

A medida cautelar não está relacionada à execução da condenação pela tentativa de golpe de Estado. Nesse caso, a decisão ainda não transitou em julgado, e ainda há prazo para apresentação de recursos.

Na decisão, Moraes afirma que a tornozeleira eletrônica usada por Bolsonaro foi violada pouco depois da meia-noite deste sábado. O despacho também cita uma vigília convocada para esta noite pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em frente ao condomínio onde o ex-presidente mora.

“O Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal comunicou a esta Suprema Corte a ocorrência de violação do equipamento de monitoramento eletrônico do réu Jair Messias Bolsonaro, às 0h08min do dia 22/11/2025.”

“A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho”, escreveu Moraes.

O ministro também pontuou que, “embora a convocação de manifestantes esteja disfarçada de ‘vigília’”, a conduta remete ao mesmo “modus operandi da organização criminosa liderada pelo referido réu, no sentido da utilização de manifestações populares com o objetivo de conseguir vantagens pessoais”.

“O tumulto causado pela reunião ilícita de apoiadores do réu condenado tem alta possibilidade de colocar em risco a prisão domiciliar imposta e a efetividade das medidas cautelares, facilitando eventual tentativa de fuga”, afirmou.

Moraes determinou ainda que a ordem fosse cumprida “com todo respeito à dignidade” de Bolsonaro e “sem a utilização de algemas e sem qualquer exposição midiática”. Mais tarde, rejeitou o pedido da defesa para converter a prisão em domiciliar “humanitária”.