Dois presos, um em Miami: saiba como estão os condenados pela trama golpista liderada por Bolsonaro
Além do ex-presidente, o general Walter Braga Netto está preso desde dezembro do ano passado; o deputado federal Alexandre Ramagem está foragido após ter deixado o país antes de sua condenação ser definitiva
Ao ser detido na manhã deste sábado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não foi o primeiro réu do núcleo crucial da trama golpista a ser colocado em prisão preventiva. Antes dele, o general Walter Braga Netto teve a prisão decretada em dezembro do ano passado ao ser acusado de tentar atrapalhar as investigações. Já o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) passou a ser considerado foragido nesta semana após ter deixado o país dias antes de sua condenação, assim como a de outros condenados, transitar em julgado.
Bolsonaro foi preso por volta das 6 horas da manhã de hoje, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, que atendeu a um pedido apresentado pela Polícia Federal. A corporação constatou risco de fuga do ex-mandatário após a convocação feita pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para uma vigília em frente ao condomínio onde ele reside em Brasília. Também foram acionados quando a tornozeleira eletrônica usada pelo ex-presidente sofreu uma "grave violação" ao longo da madrugada deste sábado.
Com a emissão da ordem por Moraes, Bolsonaro foi detido e encaminhado para a Superintendência da PF. A prisão, no entanto, foi decretada poucos dias antes de sua condenação por liderar a trama golpista se tornar definitiva. Isso porque o ministro Moraes analisa, a partir da segunda-feira, os recursos finais apresentados pelas defesas. O cumprimento da pena só poderá ser iniciado depois da conclusão dessa etapa.
A situação do ex-presidente também agora se assemelha ao caso de Braga Neto, preso preventivamente há quase um ano. O general foi preso em uma operação da PF no ano passado, após investigadores constatarem que ele teria tentado entrar em contato com os pais do tenente-coronel Mauro Cid, também réu da ação penal da trama golpista. À época, também foi constatado, a partir de um depoimento feito por Cid, que Braga Neto entregou dinheiro vivo para militares das Forças Especiais, os chamados Kids Pretos. O grupo planejava o plano Punhal Verde Amarelo, que planejava o assassinato de autoridades como Moraes, o presidente Lula (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
Além de Bolsonaro e Braga Neto, o deputado Ramagem teve a prisão preventiva decretada nesta semana, também a pedido da PF. A corporação informou que o parlamentar saiu do Brasil ainda em setembro, mês em que o julgamento da tentativa de golpe ocorreu na Primeira Turma do STF, e está atualmente em Miami. Ao final da análise da ação penal pela Corte, ele foi condenado ao cumprimento de 16 anos de prisão. Já as penas de Bolsonaro e Braga Neto foram as mais altas do grupo, de 27 e 26 anos, respectivamente.
Já outros réus do núcleo crucial têm aguardado a tramitação do trânsito julgado, após terem os seus recursos negados pelos ministros da Corte no início deste mês. Eles têm até a segunda-feira para apresentação de uma rodada final de embargos, que serão analisados por Moraes. A única a não tentar reverter a condenação até o momento foi a defesa de Cid, uma vez que, ao firmar o acordo de delação premiada, foram garantidas a ele a pena mínima (2 anos) e a possibilidade de cumprimento em regime domiciliar.