Câmara dos Deputados

Hugo Motta restringe voto de deputado no exterior após caso Ramagem

Parecer da Mesa Diretora conclui que deputado não poderia ter votado nos EUA

Medida ocorre após Alexandre Ramagem (PL-RJ) ter viajado para os Estados Unidos após ter sido condenado pelo STF na ação da trama do golpe e seguido votando nas matérias da Câmara - Arquivo/Carolina Antunes/Presidência da República

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), limitou nesta terça-feira a atuação remota de parlamentares que estejam fora do país. Em edição extra do Diário da Câmara publicada nesta terça-feira, Motta acolheu integralmente um parecer da Secretaria-Geral da Mesa (SGM) que proíbe deputados no exterior de registrar presença ou votar pelo Infoleg, salvo quando estiverem em missão oficial autorizada.

A medida ocorre após Alexandre Ramagem (PL-RJ) ter viajado para os Estados Unidos após ter sido condenado pelo STF na ação da trama do golpe e seguido votando nas matérias da Câmara. Por cerca de um mês, não se sabia que ele estava no exterior. Hoje, sua condenação transitou em julgado e agora ele é considerado foragido.

O ofício de hoje reforça que o mandato parlamentar é, por definição, presencial, e que a participação remota não pode ser usada como atalho para quem deixou o território nacional sem autorização da Casa. A SGM ressalta ainda que a licença médica, usada por alguns parlamentares para justificar ausências, não autoriza o exercício deliberativo fora do Brasil.

Antes de viajar aos EUA, Ramagem apresentou um atestado psiquiátrico à Câmara. Ele alegou ansiedade e pediu afastamento temporário.

Pelo entendimento consolidado, a regra vale para qualquer tipo de sessão — presencial ou semipresencial — e cabe à Presidência impedir o uso irregular do Infoleg quando o sistema identificar login a partir do exterior.

A SGM cita precedentes de maio e setembro e lembra que nem o presidente da Câmara pode conduzir sessões quando está fora do país, reforçando a impossibilidade para todos os demais deputados.

A decisão tem impacto direto sobre Ramagem. Como está fora do Brasil e não cumpre missão oficial, ele está impedido de votar ou registrar presença, mesmo que tente recorrer à licença médica ou a justificativas administrativas.

Na decisão desta terça-feira, Moraes determinou que a Mesa Diretora casse seu mandato, por ter sido condenado a mais de quatro anos.