Congresso

Líder do governo elogia atuação de Alcolumbre após derrota e desconversa sobre Jorge Messias

Randolfe diz que crise entre Lula e presidente do Senado é "circunstancial"

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP) - Andressa Anholete/Agência Senado

O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), saiu em defesa do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e afirmou que a atual tensão entre ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem caráter “circunstancial”.

Em meio ao mal-estar provocado pela indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal, Randolfe disse que uma conversa direta entre os dois deverá “sanar” o impasse.

— Do ponto de vista da liderança do governo, nós não temos do que nos queixar sobre a conduta do senador Alcolumbre, inclusive em relação a essa sessão — afirmou.

Randolfe reforçou que Alcolumbre foi peça-chave na construção do acordo do Propag, analisado nesta quinta-feira, e citou episódios anteriores em que o apoio do presidente do Senado foi determinante para o governo Lula.

— Nós temos que agradecer muito ao apoio que o presidente Davi prestou desde antes da posse do governo do presidente Lula, por exemplo, com a PEC da Transição — disse.

Para o líder, a distensão é apenas questão de tempo.

— Eu tenho certeza de que vai ter um momento em que o presidente da República, o presidente Lula, e o presidente Davi irão conversar. Não há controvérsias e não há dificuldade para isso. Essa situação é circunstancial e com certeza será sanada tão logo haja uma conversa entre os dois presidentes.

A crise entre o governo e o Congresso se aprofundou nas últimas semanas, com a reação negativa de parlamentares à indicação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal e ao avanço de pautas consideradas sensíveis pelo Planalto.

A decisão de Alcolumbre de marcar a sabatina para 10 de dezembro foi lida como um movimento de pressão sobre Lula e como resposta ao que senadores classificam como falhas de articulação e desrespeito às prerrogativas da Casa.

A indicação de Messias também elevou a temperatura política no Senado porque, segundo líderes, o Planalto não cumpriu o rito informal de testar nomes antes de anunciá-los. A marcação da sabatina para daqui a poucos dias intensificou o clima de “campanha aberta”, com o indicado ligando para senadores e acelerando visitas para tentar reverter resistências.

— Como todo processo desse porte, é natural que haja questionamentos e uma disputa democrática — afirmou Randolfe.

Questionado sobre a possibilidade de o governo trabalhar para adiar a votação, Randolfe negou qualquer movimento nesse sentido e afirmou que o cronograma depende de uma conversa direta entre Lula e Alcolumbre.

— Necessita, em primeiro lugar, de uma conversa entre dois presidentes. Essa conversa, num momento adequado e oportuno, ocorrerá — disse. Segundo ele, Messias terá tempo para cumprir as visitas previstas:

— A data do dia 10 é um tempo suficiente. Temos uma semana para a conclusão das visitas. Como todo candidato em campanha, tem que ser assegurado ao candidato abordar os eleitores — que, neste caso, são os 81 senadores e senadoras.

Randolfe reforçou que não há estratégia do governo para adiar a sabatina.

— Não tem nenhuma estratégia pensada nem elaborada. No momento mais adequado e oportuno essa conversa se concretizará.