Maduro e Erdogan conversam por telefone sobre deslocamento militar dos EUA perto da Venezuela
Caracas afirma que as manobras buscam uma "mudança de regime" para se apropriar das vastas reservas de petróleo do país caribenho
Os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, conversaram neste sábado (6) por telefone sobre o deslocamento militar dos Estados Unidos no Caribe, informou o Ministério das Relações Exteriores venezuelano em um comunicado.
Eles se referiram ao envio, desde agosto, de uma frota de navios e caças ao Caribe. O presidente americano, Donald Trump, defende as operações argumentando que se concentram no combate aos narcotraficantes que inundam seu país com drogas.
Caracas afirma que as manobras militares, que incluem o maior porta-aviões do mundo, buscam uma "mudança de regime" para se apropriar das vastas reservas de petróleo do país caribenho.
Durante a conversa, "o presidente Recep Tayyip Erdogan expressou sua profunda preocupação com as ameaças que recentemente pairam sobre a Venezuela, em particular pelo envio militar e por ações de diversa natureza que pretendem alterar a paz e a segurança do Caribe", indicou o comunicado de Caracas.
A Turquia, junto a Irã, China e Rússia, é um dos principais aliados internacionais do presidente Nicolás Maduro.
Segundo um comunicado da presidência turca, Erdogan destacou que "é importante manter abertos os canais de diálogo entre os Estados Unidos e a Venezuela" e expressou sua esperança de que "a tensão seja reduzida o mais rápido possível".
Trump e Maduro mantiveram uma conversa telefônica há 12 dias, sem revelar detalhes. O mandatário venezuelano tem insistido em diálogo enquanto Washington intensifica a pressão.
Maduro "explicou detalhadamente o caráter ilegal, desproporcional, desnecessário e até extravagante dessas ameaças, deixando claro que a Venezuela continua trabalhando com firmeza pelo crescimento econômico, pela paz nacional e pela estabilidade política", acrescentou o texto de Caracas.
Maduro e Erdogan também conversaram sobre a massiva suspensão de voos de companhias aéreas internacionais após um alerta de segurança emitido pela autoridade aeronáutica americana diante do aumento da atividade militar próximo à Venezuela.
"Concordaram sobre a importância de restabelecer, o quanto antes, a conexão aérea Caracas-Istambul-Caracas pela Turkish Airlines, o que permitirá continuar transportando milhares de turistas e investidores que semanalmente utilizam essa rota para estreitar os vínculos entre ambas as nações".
Após a proclamação de Maduro para um terceiro mandato em julho de 2024, Erdogan demonstrou seu apoio. A oposição venezuelana denunciou fraude nessas eleições e reivindicou a vitória do exilado Edmundo González Urrutia.
Em 2018, Erdogan viajou à Venezuela para apoiar Maduro depois que os Estados Unidos e cerca de cinquenta outros governos não reconheceram sua primeira reeleição, alegando fraude. Na ocasião, prometeu apoio diante das sanções impostas por Washington.