A calcinha
Com o tempo, a peça tornou-se bem tradicional. Era a ditadura da tradição em nome da moral e dos bons costumes.
A história da calcinha tem passagens curiosas. No início dos tempos, a peça
era uma simples folhinha, que cobria apenas as partes íntimas de Eva. Com o
tempo, a peça tornou-se bem tradicional. Era a ditadura da tradição em nome
da moral e dos bons costumes. As mulheres escondiam tudo: pernas,
cotovelos, tornozelos, enfim, haja pano! Mas, pasmem, as calcinhas não
existiam. As saias, pesadíssimas e com várias camadas de pano, garantiam
um ambiente quentinho e protegido lá por baixo... sem calcinha! No entanto,
essa situação propiciava às mulheres e aos homens desfrutarem mais
facilmente e pragmaticamente dos prazeres do sexo, uma vez que com
qualquer levantadinha em algum lugar escondido já dava para fazer um
estrago. Foi aí que surgiu a avó da calcinha: as calças de pano. Eram nada
mais que um pano amarrado da cintura até os tornozelos. Até calhou para os
tempos de frio, pois mantinha a parte de baixo bem aquecida. E pensar que,
muitos séculos antes, as mulheres que usassem calças eram até queimadas
na fogueira! Mas a festa das calças teve uma interrupção. Um rei do contra
aboliu o uso das roupas íntimas, mas, em compensação, deixou correrem
soltas as anáguas, enchimentos, saias com armação etc e tal. Até que, enfim,
chegou a ditadura da moda, que de cafona não tem nada. E esse novo governo
começou a mexer nas saias. De tão longas cobrindo até os tornozelos, elas
foram subindo, subindo, subindo. E quanto mais subiam, mais as calcinhas,
que tinham voltado antes sob forma de anáguas, também diminuíam. Era
diretamente proporcional: saia mais curta, calcinha mais curta. Quando a
minissaia chegou, imaginem, a calcinha virou fio dental! E muitas nem fio têm.
Voltaram à folhinha de Eva...