Vacinação

A custo zero, Biden rouba o holofote da China na diplomacia vacinal

O estadunidense decidiu se alinhar à índia e África do Sul ao apoiar a quebra de patentes das vacinas

Presidente americano, Joe BidenPresidente americano, Joe Biden - Foto: Alex Wong / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Gett

O anúncio dos Estados Unidos de apoio à suspensão de patentes de vacinas contra a Covid-19 foi um golpe de mestre diplomático de Joe Biden. Em um único comunicado, Biden conseguiu ultrapassar a China, que vinha vencendo disparado na diplomacia da vacina. E com custo zero.

Até agora, os chineses vinham acumulando "soft power" ao doar, transferir tecnologia e vender vacinas para países ao redor do mundo. Já Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia conquistaram antipatia mundial ao praticar nacionalismo vacinal — asseguraram estoques suficientes para vacinar mais do que suas populações inteiras, enquanto inúmeros países não vacinaram nem 1% de seus habitantes. Proibiram exportação de insumos, descumpriram prazos, negaram-se a doar excedente de doses enquanto não tivessem vacinado toda sua população.

 



E eis que, com uma canetada, Biden vira o jogo. O americano, ao se alinhar à Índia e à África do Sul pela suspensão de patentes e enfrentar as "cruéis" farmacêuticas que lucram bilhões, rouba o holofote da China e conquista boa vontade do resto do mundo. Isso sem ter doado uma única vacina a mais -ou melhor, enviou 4 milhões de doses para Canadá e México, número que, dada a magnitude do problema, é simbólico, e contribuiu para o Covax, que está muito atrasado em suas promessas.

Biden fica com o bônus político de se posicionar contra a desigualdade no acesso às vacinas. Mas o efeito da decisão é incerto.

As negociações na Organização Mundial do Comércio levarão meses, pois precisam de consenso. Mesmo que haja suspensão de patentes, é preciso garantir que as farmacêuticas transfiram também know-how, senão será difícil outros países replicarem a complexa tecnologia das vacinas da Moderna e Pfizer, por exemplo.

 

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