A guerra comercial entre Estados Unidos e China
Tarifas, ameaças e acusações: entenda os principais pontos do conflito entre os países
A China anunciou, nesta terça-feira (4), tarifas sobre produtos dos Estados Unidos nos setores de energia, automóveis e máquinas, cumprindo sua ameaça de responder à guerra comercial iniciada pelo presidente Donald Trump.
As medidas de Pequim foram anunciadas poucos minutos após a entrada em vigor de um aumento de 10% nas tarifas impostas por Washington sobre todos os produtos importados da China.
Trump acusa Pequim de práticas comerciais desleais e de não reprimir o tráfico de fentanil para os Estados Unidos.
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A seguir, as principais questões que alimentam a guerra comercial entre os dois países.
Qual é o volume de comércio entre EUA e China?
O comércio entre a China e os Estados Unidos totalizou mais de 530 bilhões de dólares (cerca de R$ 3,2 trilhões na cotação da época) durante os primeiros 11 meses de 2024, de acordo com Washington.
No mesmo período, as exportações chinesas para os Estados Unidos somaram mais de US$ 400 bilhões (R$ 2,4 trilhões), segundo dados americanos, o que torna a China o segundo maior parceiro comercial do país americano, atrás do México.
A China também é um importante fornecedor de produtos eletrônicos, roupas e têxteis para os Estados Unidos, de acordo com o Peterson Institute of International Economics (PIIE).
Porém, há um enorme desequilíbrio e o déficit comercial com o país asiático chegou a 270 bilhões de dólares (R$ 1,6 trilhão) durante os primeiros 11 meses de 2024, segundo dados dos EUA.
A alfândega chinesa calcula o valor em US$ 361 bilhões (R$ 2,1 trilhões) para todo o ano.
A China foi acusada de dumping (venda de produtos a preços artificialmente baixos fora do mercado interno) devido ao apoio do Partido-Estado chinês à sua indústria e seu tratamento desproporcional às empresas americanas presentes no país.
No entanto, a economia chinesa continua altamente dependente das exportações.
O que aconteceu durante o primeiro mandato de Trump?
Durante seu primeiro mandato, Trump impôs tarifas sobre centenas de bilhões de dólares em produtos chineses.
Os Estados Unidos exigiam um melhor acesso ao mercado chinês, sob drástico controle estatal e onde as empresas nacionais têm preferência.
Pequim respondeu com impostos sobre as importações dos EUA, que afetaram principalmente os agricultores americanos.
Após longas e difíceis negociações, os dois países concluíram uma trégua em 2019 com um acordo comercial denominado "Fase 1".
A China se comprometeu a importar US$ 200 bilhões (R$ 806 bilhões, na cotação da época) em produtos dos EUA, incluindo US$ 32 bilhões (R$ 128 bilhões) em produtos agrícolas e frutos do mar.
No entanto, especialistas dizem que as metas não foram cumpridas, em parte por causa das consequências da pandemia de covid-19.
O que mudou com Biden?
Durante seu mandato, que começou em 2021, Joe Biden não cancelou as tarifas, mas adotou uma abordagem mais direcionada, tentando limitar as exportações de chips para impedir o uso de tecnologias americanas pelos militares chineses.
Seu governo também aumentou algumas tarifas em retaliação ao que descreveu como "excesso de capacidade industrial" da China, buscando neutralizar o impacto dos subsídios públicos à indústria chinesa.
As tarifas sobre veículos elétricos atingiram 100%, enquanto as dos semicondutores aumentaram de 25% para 50%.
O que pode acontecer agora?
Após sua decisão nesta terça-feira, a China imporá tarifas de 15% sobre as importações de carvão e gás natural liquefeito (GNL) dos EUA e 10% sobre as importações de petróleo e máquinas agrícolas, veículos esportivos e caminhonetes.
Trump, por sua vez, pediu uma revisão abrangente das práticas comerciais chinesas, um relatório cujas conclusões são esperadas para abril e que pode ser "o catalisador para novas tarifas", alerta Harry Murphy Cruise, da Moody's Analytics.