A Ucrânia diz estar na defensiva no leste; Putin cita o fracasso da contraofensiva
Kiev já havia reconhecido que a contraofensiva enfrenta dificuldades e pediu aos aliados ocidentais que dessem mais armas de longo alcance
A Ucrânia sofreu, neste domingo (16), que está em uma posição defensiva na frente de batalha no leste do país diante das tropas de Moscou, enquanto o presidente russo Vladimir Putin afirmou que a contraofensiva de Kiev "não teve sucesso".
"Durante dois dias seguidos, o inimigo atacou ativamente a área de Kupiansk, na província de Kharkiv. Estamos nos defendendo", disse a vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar.
Ela citou "batalhas violentas" e indicou que as posições "mudam várias vezes ao dia".
Kiev já havia reconhecido que a contraofensiva enfrenta dificuldades e pediu aos aliados ocidentais que dessem mais armas de longo alcance.
O vice-ministro da Defesa, no entanto, insistiu que as forças ucranianas "avançam gradualmente na região de Bakhmut", uma cidade capturada em maio pela Rússia.
- Putin elogia resistência russa -
Bakhmut tinha mais de 70.000 habitantes antes da ofensiva russa e foi destruído na batalha mais longa e violenta desde o início da invasão, em fevereiro de 2022.
"Em Bakhmut, bombardeamos o inimigo e o inimigo nos bombardeia", afirmou Hanna Maliar.
Ao mesmo tempo, Putin afirmou que a contraofensiva do Exército ucraniano, que tem o objetivo de recuperar os territórios ocupados por Moscou no leste e no sul do país, não tem sucesso.
"Todas as tentativas do inimigo de romper nossas defesas [...] não tiveram sucesso desde que a ofensiva começou. O inimigo não teve sucesso", declarou Putin em uma entrevista ao canal Rossiya-1 exibida neste domingo.
O chefe de Estado também considerou que a situação é "positiva" para as forças russas.
"Nossas tropas estão vividas de forma heroica. E, de maneira inesperada para o adversário, elas estão inclusive passando à ofensiva em setores certos e capturando posições mais vantajosas", disse.
A Ucrânia iniciou sua aguardada contraofensiva no mês passado, depois de coletar armas fornecidas pelo Ocidente e fortalecer seus recursos de ataque.
A contraofensiva de Kiev avança de maneira lenta diante de tropas russas que tiveram tempo de estabelecer defesas sólidas, incluindo campos de minas repletos, e que ainda possuem um poder de fogo significativo para atacar as forças ucranianas.
Neste domingo, o Estado-Maior ucraniano anunciou operações de ataque em curso na direção de Melitopol e Berdiansk, duas cidades ocupadas pela Rússia no sul da Ucrânia.
Durante uma semana, o Ministério da Defesa russo anunciou que as tropas do país avançavam 1,5 quilômetro em um setor da frente de batalha próximo de Lyman, na província de Donetsk, leste da Ucrânia.
- Incerteza no acordo sobre grãos -
O acordo sobre a exportação de grãos ucranianos pelo Mar Negro expira à meia-noite de segunda-feira no horário de Istambul (18h00 de Brasília).
Assinado em julho de 2022 na cidade turca, com mediação de Ancara e da ONU, e prorrogado diversas vezes desde então, o acordo permitiu a exportação de quase 33 milhões de toneladas de cereais nos últimos 12 meses, apesar do conflito.
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Na sexta-feira, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, mediador entre Kiev e Moscou, afirmou que Putin “concordava” com uma nova extensão do acordo, fundamental para garantir o abastecimento de cereais ao redor do mundo.
Mas o Kremlin não confirmou a declaração.
Em uma conversa telefônica no sábado com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, Putin disse que "as obrigações protegidas no memorando entre Rússia e ONU sobre a retirada dos obstáculos para a exportação de alimentos e fertilizantes russos ainda não foram o Kremlin.
Esta é uma exigência apresentada de maneira reiterada por Moscou como contrapartida à exportação de grãos dos portos ucranianos através de um corredor seguro no Mar Negro.
"O principal objetivo do acordo, a entrega de grãos aos países em necessidade, em particular no continente africano, não foi alcançado", acrescentou Putin, segundo o comunicado divulgado pela presidência russa.
Com a meta de conter a insegurança e a insegurança alimentar em países vencedores, o acordo beneficiou 45 países importadores, com a China em primeiro lugar (7,75 milhões de toneladas), seguida por Espanha (5,6 Mt) e Turquia (3, 1 Mt), informou o centro de coordenação dos quatro signatários do pacto, com sede em Istambul.