Acompanhantes de pacientes do HR revelam "desespero" ao ouvir troca de tiros
Várias pessoas estavam do lado de fora da unidade no momento do tiroteio
A troca de tiros no Hospital da Restauração na madrugada desta sexta-feira (26), que resultou na morte de um vigilante e de um paciente, que começou a confusão, assustou pessoas que dormiam do lado de fora da unidade. Uma delas era Meire Barros, professora de 37 anos, que revelou momentos de "desespero" ao ouvir os disparos.
“A gente tava dormindo quando ouvimos os tiros daqui do lado de fora. Foi muito desespero, todo mundo ficou com medo e saiu correndo. Depois que a gente começou a entender que os tiros eram lá na parte de cima”, relatou.
Meire é natural de Caruaru, Agreste de Pernambuco, e está no Recife para acompanhar a mãe, que está internada na ala vermelha do hospital, onde aconteceu o tiroteio. Ela disse que sentiu muito medo na hora.
"Quando soube que era lá, fiquei muito assustada. Já pensei logo na minha mãe e nas outras pessoas que estão internadas lá. Graças a Deus que não aconteceu nada a ela. Ainda não consegui subir para ver ela porque o hospital bloqueou, mas sei que ela está bem", disse.
Várias pessoas estavam do lado de fora da unidade no momento do tiroteio. Uma acompanhante, que preferiu não se identificar, falou que também ficou “muito assustada” com o barulho. “Fiquei com muito medo porque ninguém é de ferro. A gente estava dormindo e, quando veio o barulho, todo mundo correu. Eu fiquei aqui no meu cantinho, mas realmente foi muito complicado isso até a gente saber o que tinha acontecido”, relatou.
Sindicato
O Sindicato de Vigilantes de Pernambuco (Sindesv) também se despediu de Nivaldo Bezerra da Silva, de 66 anos, vigilante morto, nesta manhã. Eles estiveram com a família e relataram um pouco do momento difícil que estão passando. “A gente veio prestar solidariedade à família. É muito triste essa situação toda. Muita comoção da família e muita tristeza mesmo. Nivaldo estava perto de se aposentar e acontece isso. Traz muita insegurança para a nossa profissão”, contou o diretor do sindicato, Mauro Barbosa.
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Entenda o caso
Tudo aconteceu na Ala Vermelha do Hospital da Restauração. Segundo o diretor da unidade, Petrus Andrade Lima, um paciente que estava internado na emergência geral, na unidade de trauma, furtou a arma de um vigilante durante a troca de guarda da equipe de segurança privada e baleou o profissional.
"Na troca entre as armas, houve a tomada por parte do paciente", explicou Petrus. O vigilante, identificado como Nivaldo Bezerra da Silva, morreu no local. Após os tiros, o paciente tentou fugir.
No momento da fuga, houve uma troca de tiros e o paciente também veio a óbito. O vigilante, Nivaldo Bezerra da Silva, tinha 66 anos e também não resistiu aos ferimentos. Ele estava no último dia de plantão antes da aposentadoria.
Na manhã desta sexta, uma força-tarefa do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) compareceu ao local do crime para fazer as primeiras avaliações.
“A gente olhou a cena do crime e vamos encaminhar e prestar apoio à família do vigilante que foi morto. Nós também já encaminhamos as principais pessoas, como o vigilante que teve a arma furtada, para prestar depoimento no DHPP. Mais ninguém ficou ferido e vamos avaliar agora os próximos passos para descobrir a motivação do crime”, explicou o delegado Victor Lopes, que está à frente da investigação.
A família também esteve no hospital para reconhecer e se despedir de Nivaldo. Eles não falaram com a imprensa. O corpo do vigilante deve ser encaminhado para o Instituto de Medicina Legal (IML) ainda nesta sexta-feira. Quanto ao outro paciente que morreu, ainda não há informações se ele estava acompanhado de alguém na unidade. Esse, inclusive, é um dos pontos da investigação da polícia.