Advogado de José Maria Rosendo diz que acusação tenta "pintá-lo como a figura do diabo"
Réu é acusado de ser o mandante do assassinato do promotor Thiago Faria Neves
O advogado João Olímpio Mendonça, que defende José Maria Pedro Rosendo Barbosa no julgamento de três dos cinco acusados pela morte do promotor Thiago Faria, afirmou, na tarde desta quinta-feira (27), no Recife, que a acusação tenta "pintá-lo como perigoso". Ele também desqualificou os depoimentos de Mysheva Martins, noiva do promotor, à polícia. José Maria é acusado de ser o mandante do assassinato.
O julgamento começou na última segunda-feira (24), na sede da Justiça Federal, no bairro do Jiquiá, Zona Oeste do Recife. A expectativa é que o julgamento termine na madrugada desta sexta-feira (28).
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No terceiro dia, Mysheva é alvo das acusações
João Olímpio Mendonça disse que as acusações contra Zé Maria são embasadas somente na conduta dele anterior ao crime e que os advogados de acusação estão tentando formular uma imagem "de cão de tridente, a figura do diabo" a respeito do réu, com base no passado. "Isso é técnica de júri. Estão tentando pintá-lo como perigoso, bandido. Ele tem antecedentes? Tem. A discussão não é essa. A discussão é se há prova de que ele mandou matar Thiago. E sobre isso não há provas técnicas", declarou. "Não está sendo julgado se ele tem uma desavença de 30 anos atrás com a família de Mysheva", contestou.
O advogado também desqualificou os depoimentos de Mysheva à polícia. Disse que, no dia seguinte ao crime, a noiva do promotor reconheceu Edmacy Ubirajara (cunhado de Zé Maria) como atirador, e confirmou em reconhecimento presencial dois dias seguintes. Depois, Ubirajara acabou liberado pela polícia. A partir disso, o advogado disse que, do mesmo modo, as acusações contra Zé Maria partiram de Mysheva.
Ele alegou que o depoimento sobre o crime tem pontos estranhos. Disse que é estranho Thiago, após levar um tiro no pescoço, ter condição de parar o carro automático com marcha em posição de estacionamento. Também disse ser estranho Mysheva sair com a roupa "sem nenhuma gota de sangue", mesmo o carro estando "um festival de sangue, como foi dito aqui".
João Olímpio concluiu sua fala argumentando que Mysheva e o tio dela, Adautivo Martins, que também estava no carro na hora do crime, "nunca foram o alvo" dos assassinos. "O algo era Thiago. Quem foi o mandante do crime teve a intenção, com certeza, de poupá-la", disse, deixando claro, em seguida, que Zé Maria sequer conhecia o promotor Thiago Faria.
Entenda o caso
O crime ocorreu no dia 14 de outubro de 2013 no interior de Pernambuco. Thiago Farias Soares estava com a noiva, a advogada Mysheva Martins, e do tio dela Adautivo Martins. Eles seguiam pela rodovia PE-300 a caminho de Itaíba, quando foram abordados por homens armados.
Os tiros atingiram Thiago, que morreu na hora. O veículo deles parou. O carro dos assassinos contornou a via e, segundo as investigações, retornou para tentar assassinar tio e sobrinha, que escaparam com vida após se jogarem para fora do veículo, na estrada. A arma do crime nunca foi encontrada.
A motivação do crime teria sido a compra de 25 hectares de uma fazenda em Águas Belas. O imóvel, que possuía uma extensão total de 1.800 hectares, foi adquirido por Mysheva em um leilão - com isso, parentes de José Pedro teria sido obrigado a deixar o local.