"Ainda é cedo"
Tinha razão o secretário de Saúde do Estado de Pernambuco quando afirmara que ainda era cedo para se ter qualquer definição sobre a realização do carnaval. Embora o Estado seja um dos que mais investem nessa época festiva, a prudência recomenda que a realização de todo evento que seja caracteristicamente festejado sob aglomeração de pessoas, ao menos por estes tempos ainda, seria temerária.
A reflexão se impõe exatamente em época de final de ano, perto de completar os dois anos em que começavam a crescer os casos de contaminação com o vírus da Covid-19. E não deve se restringir à questão do carnaval, nem às festividades de final de ano.
Recentemente, tivemos a liberação de público nos estádios, “dando no que dando”. Não só foi sentido o aumento dos casos de contaminação da Covid, como doutro vírus humano que sempre tirou o sossego e a paz pública dos que, pacificamente, assistiam a jogos de forma presencial: a violência causada, não por torcedores, mas por vândalos. São pessoas que não entendem ou não aceitam que o futebol é um esporte saudável e usam o espaço como palco para praticarem agressão e tumulto, não raras vezes tendo por resultado lesões corporais ou até mesmo mortes.
No cenário sanitário atual, ainda existem muitas dúvidas, principalmente em relação ao domínio humano (científico e social), sobre a pandemia, que não faz muito tempo ameaçava nossa total existência, posto que o vírus não só é comprovadamente letal, como de fácil contaminação. Ao lado dessa preocupação que passou a fazer parte do nosso mundo, a ciência e a medicina estão, vira e mexe, sendo desafiadas, como por exemplo, com o surgimento de novas variantes do coronavírus.
Contemporaneamente, ainda não são conclusivas as pesquisas sobre a variante Ômicron, que teria surgido na África. Ainda são muitos os quesitos a serem respondidos, bem como necessários mais experimentos para se precisar, com segurança, a possibilidade de resistência das vacinas (até então utilizadas) contra a nova variante.
Assim, o melhor caminho para o agora seria mesmo o de se buscar o entendimento (há tempos desejado) de cunho político, sistêmico, coordenado e uníssono, a fim de que as medidas a serem tomadas ao longo do porvir não venham a ser tão destoantes como as que tivemos durante a indesejável convivência com os tempos de maior crise sanitária, ainda não esquecidos.
Enquanto as autoridades sanitárias não tiverem um maior controle sobre a pandemia e seus nefastos efeitos que ainda perduram entre nós; enquanto a própria população não só se vacinar, mas se conscientizar sobre as cautelas que deve ter, evite-se a liberação de festividades que caracteristicamente aglomeram pessoas.
*Defensor público e professor
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