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Anvisa sugere produção nacional do canabidiol

Presidente da agência, Jarbas Barbosa, acredita que a droga é a principal aposta contra síndromes como a microcefalia

Pobres, mas ricosPobres, mas ricos - Foto: Reprodução

 

O canabidiol (CBD) é um dos grandes desafios da saúde nacional quando o assunto é terapia medicamentosa. Estudada e liberada em vários países pelo mundo, no Brasil, a droga, que traz um dos compostos da maconha, ainda é tabu. Isso porque, apesar da liberação para importação com prescrição médica para tratamento de saúde, o CBD é caro, já que não há produção local. Cada ampola com 10 ml da substância não sai por menos de R$ 1 mil, fora os impostos. Levando em conta que o tratamento mensal necessita em média de três a quatro ampolas, os pacientes podem chegar a desembolsar mais de R$ 5 mil por mês. Valor bem acima das condições da maioria dos brasileiros.

Sobre esses aspectos, o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Jarbas Barbosa, enfatizou a necessidade de o Brasil refletir sobre uma fabricação brasileira da droga.

Para ele, o CBD é a principal aposta de qualidade de vida para pessoas com síndromes raras, a exemplo da microcefalia e de doenças degenerativas. O gestor destacou, ainda, que o País, inclusive, pode tomar a dianteira de estudos sobre o trato dos agravados da Síndrome Congênita do Zika com o derivado da maconha. “Para algumas doenças, como as síndromes neurológicas da infância e da adolescência, que apresentam quadros de múltiplos episódios de convulsão e que não têm na medicação atualmente disponível um bom resultado, o canabidiol tem se revelado uma medicação muito eficaz”, afirmou.

Ele ressaltou que a Anvisa está fazendo sua parte, dando celeridade na avaliação das importações. A agência contabiliza desde o ano passado mais de 1,4 mil pedidos autorizados, com liberações em dois a quatro dias. Barbosa comentou que o Brasil precisa achar caminhos para, na verdade, popularizar o acesso financeiro à droga. Como a importação é feita individualmente, o custo excede o poder de compra da maioria da população, que acaba buscando na Justiça obrigar o SUS a pagar o tratamento. E as judicializações demoram. No entanto, não há nenhum pedido de registro de um CBD brasileiro, até pelo problema legal de plantar para produzir o remédio. “Teria que se fazer algumas modificações na própria questão de segurança do País para permitir o plantio.”

A presidente da Liga Canábica de Pernambuco, Elaine Cristina, 33 anos, contou que todos os atuais obstáculos para a aquisição da medicação têm feito várias famílias recorrerem a um comércio clandestino de CBD no Rio de Janeiro e na Paraíba. Os laboratórios caseiros vendem o remédio por R$ 120. Mãe de João Pedro, 5 anos, ela não conseguiu parecer favorável na Justiça. “Ele fazia 24 convulsões por dia antes. E agora, com o canabidiol, tem duas ou três.”

 

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