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Após Mandetta ter demissão avaliada, comunidade médica se mobiliza

Vários órgãos se manifestaram em favor do ministro, considerando que o mesmo vem desempenhando um bom trabalho

Mandetta e BolsonaroMandetta e Bolsonaro - Foto: Isac Nóbrega/PR

Após um dia tenso, em que teve seu passe cobiçado por governadores diante da possibilidade de demissão pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Luiz Henrique Mandetta comunicou nesta segunda (6), em fala à imprensa ao lado de seus assessores no Ministério da Saúde, que permanecerá no cargo.

No domingo (5), o presidente disse que não temeria usar a caneta contra membros do governo que tinham virado estrelas; mesmo a alta da Bolsa e a queda do dólar foram interrompidas pela possibilidade.

Como resposta, a comunidade médico científica demonstrou apoio a Mandetta ao longo desta segunda. Entidades que entendem que as medidas adotadas pela pasta estão de acordo com as evidências e os critérios consolidados até o momento e se manifestaram em apoio do ministro.

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O presidente na Associação Paulista de Medicina, José Luiz Gomes do Amaral, disse à reportagem que não conseguiria pensar em um motivo que justificasse a demissão. "Nós estamos justamente preocupados com a ascensão da epidemia. Tudo vem sendo preparado, e muito bem preparado, bem articulado, para que pudéssemos mitigar este momento, nesta fase. Portanto não consigo imaginar uma razão, por menor que seja, que pudesse justificar [sua saída]", disse.

Ainda no início desta segunda, a associação alertou para o risco de demissão de Mandetta. A nota oficial expressava apoio da entidade ao ministro e o caracterizava como incansável e fiel ao juramento hipocrático.

Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências, concorda com Amaral. "Substituir a estrutura de comando em plena batalha fragilizaria o combate, com um custo elevado para a sociedade", diz. Segundo ele, países que demoraram a adotar o isolamento social, como o Reino Unido, têm apresentado um número maior de mortes e um quadro mais grave em comparação às nações que adotaram medidas mais rígidas contra a crise do novo coronavírus.

Um dos principais pontos de desentendimento entre o presidente e o ministro se refere ao isolamento social. Bolsonaro defende que as medidas sejam mais leves, apoiando o isolamento vertical – apartando do convívio social somente grupos de risco – e a reabertura do comércio. As medidas restritivas, contudo, são aprovadas pela maior parte da população.

A exposição na mídia e a alta na popularidade do ministro são compreensíveis, na opinião Gilmar Fernandes do Prado, presidente da Academia Brasileira de Neurologia. "Há uma evidente exposição dele nesse momento junto à mídia, e o modo viciado de se fazer política no Brasil faz presumir que pessoas populares possam representar perigo aos interesses de alguns grupos."

Para ele, o Brasil está ganhando a batalha contra o vírus. Até agora, o País já registrou 553 mortes e mais de 12 mil casos confirmados da Covid-19. O Conselho Federal de Enfermagem também manifestou seu apoio ao ministro. Segundo o órgão declarou, em nota, as medidas de isolamento adotadas atualmente no Brasil são necessárias para preservar o sistema de saúde e melhor atender aos pacientes.

O presidente da Academia Nacional de Medicina, Rubens Belfort Jr., divulgou um vídeo manifestando apoio ao ministro, "que de todas as maneiras e com apoio de todas as evidências científicas, vem fazendo o melhor para o País".

Associações brasileiras de especialidades médicas, como pediatria e dermatologia, também engrossaram o coro pelo ministro ao longo do dia. Amaral, da Associação Paulista de Medicina, diz que não consegue imaginar um nome para substituir Mandetta e que um de seus méritos é saber comunicar-se com a população.

"Se nós sairmos desse caminho [de contenção da pandemia], temos é que torcer para que todos [no mundo] estejam errados, e nós certos, o que não é um bom posicionamento. Isso me preocupa", completa.

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