Apraxia da fala: diagnóstico precoce pode ser determinante para minimizar o quadro
Neste sábado (14), comemora-se o Dia Mundial de Conscientização sobre a Apraxia da Fala na infância
O atraso na fala da criança nem sempre tem como diagnóstico o autismo ou é consequência da falta de estímulo. Neste sábado (14), comemora-se o Dia Mundial de Conscientização sobre a Apraxia da Fala na infância. O distúrbio caracteriza-se pela disfunção motora da fala, uma alteração neurológica que afeta a capacidade da criança planejar e executar os sons. “Cada criança teu seu ritmo próprio de desenvolvimento mas é preciso não perder de vista os marcos do desenvolvimento”, explica a fonoaudióloga Karina Oliveira. A Associação Brasileira de Apraxia de Fala estima que a incidência seja de uma a cada mil crianças.
O diagnóstico só pode ser feito por um fonoaudiólogo e as principais características que devem ser observadas são: repertório pobre de vogais e consoantes, inclusive as que estão presentes nas primeiras palavras pronunciados pelo bebê, como “papai e mamãe”; inconsistência na fala (pronunciar a mesma palavra de formas diferentes); a dificuldade de falar aumenta de acordo com o tamanho da palavra; e dificuldade de coarticulação (o som que vem antes de determinada letra pode influenciar na dificuldade da pronúncia); fala acelerada ou monótona; erros de acentuação ao pronunciar; e repartindo as sílabas.
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De acordo com Karina a apraxia pode ser detectada de forma pura e isolada ou associada a outros transtornos, como o autismo ou síndromes genéticas. “As crianças impactadas pela apraxia compreendem o que está sendo dito e sabe também o que quer pronunciar, mas o cérebro não planeja a sequência de forma adequada, o que resulta na falha na comunicação da criança”, assegura.
Seletividade alimentar também pode ser uma das características associadas a apraxia. As crianças podem apresentar dificuldade em aceitar determinadas texturas de alimentos. Karina detalha, ainda, que outros fatores também precisam ser vistos com atenção especial. “Bebês que não balbuciam, muito silenciosos e que apresentam dificuldade na introdução alimentar, além de atrasos motores, como lentidão para sentar, engatinhar, andar e etc., precisam passar por uma avaliação profissional.
De acordo com a Associação Americana de Fala e Linguagem (ASHA) o diagnóstico só pode ser fechado quando a criança tiver pelo menos 3 anos de idade. Entretanto, a fonoaudióloga reforça que “é importante que os pais estejam atentos aos filhos porque, assim como no autismo, a intervenção precoce pode fazer toda a diferença na evolução do quadro”.
Karina finaliza elencando algumas dicas para ajudar uma criança com apraxia:
- evitar palavras no diminutivo, porque isso aumenta os esquemas motores;
- falar de frente, olhando na mesma altura que a criança,
- ter cuidado com a velocidade da fala, nem tão rápido nem partindo as sílabas, pois isso vai dificultar que a criança execute os movimentos da fala.