As feridas e esperanças de um clássico
Resultado do clássico de quarta-feira pode influir para o bem e para o mal no desempenho de tricolores e rubro-negros nesta temporada
O resultado de um clássico decisivo aqui e na China move montanhas. Ressuscita mortos. E pode matar quem está vivinho da silva. O Clássico das Multidões disputado em 180 minutos (duas partidas) entre Sport e Santa Cruz não foge à regra. No primeiro round, o time tricolor sapateou, na Ilha do Retiro, Pitbull mordeu o rabo do Leão, marcando o gol da vitória e ainda foi comemorar em cima do escudo. A atitude, talvez, tenha sido uma resposta a uma comemoração do rubro-negro Diego Souza, no Arruda, ainda no Hexagonal do Título, após balançar as redes do rival.
Aquele gesto de Pitbull, porém, pode ser a pólvora que faltava para mexer com os brios dos jogadores do Sport, time que conta com alguns milionários, como o próprio Diego Souza e o atacante André, mas humilhado pela derrota para os "emergentes" tricolores que, não por acaso, mereceram sair da Ilha comemorando um triunfo inquestionável, desses que o torcedor costuma estufar o peito quando lembra - uma vitória maiúscula, no velho e bom jargão futebolístico.
Cabe agora, a DS87 e Cia. mostrarem por que são os jogadores do elenco mais caro do Nordeste. Só uma vitória poderá ajudar a fechar essa ferida aberta. Ferida, aliás, que vem ficando mais profunda nos últimos anos, quando o Sport, sempre com o elenco mais caro, sucumbe diante do rival, cuja diretoria, comprovadamente, tem sido mais competente em formar equipes boas e baratas, ao menos para as disputas regionais. Nos últimos sete anos, conquistou cinco estaduais e um Nordestão, bem mais do que um Estadual e um Nordestão, no mesmo período, levantados pelos rivais da Praça da Bandeira.
Se confirmar a classificação para a final do Nordestão na próxima quarta-feira, diante do Sport, o Santa Cruz estará dando um passo importante para retomar o caminho das vitórias, perdido no ano passado com a queda para a Série B. Para os tricolores, o jogo é bem mais do que apenas um mata-mata de Nordestão. Se eliminar o tradicional inimigo, estará colocando um selo de qualidade nesta equipe formada há pouco tempo por Vinícius Eutrópio. Sua torcida, então, sentirá um sopro de esperança em dias melhores. A vitória terá influência não apenas nas finais do torneio regional, mas no apoio que a equipe poderá receber nas partidas pela Série B, que começa neste mês.
Já o Sport tem um dilema a resolver. Se vencer, erros serão, novamente, esquecidos. Ou empurrados para baixo do tapete. O time seguirá em frente. Mas se não passar do Santa Cruz, a pressão da torcida vai obrigar a diretoria a fazer uma avaliação mais profunda dessa equipe, principalmente da defesa, que falha em momentos importantes e necessita, urgente, de mudanças. Mudanças que se não ocorrerem poderão comprometer o desempenho no Brasileiro. Será que o time escapará do rebaixamento? Será que a torcida suportará campanha tão sofrida quanto à do ano passado?
As feridas estão abertas, na Ilha. E a esperança ressurge no Arruda. O próximo capítulo é quarta-feira. Vamos aguardar.