Ataques a bancos elevam volume de violência
Tentaram o mesmo na do Bradesco, mas não conseguiram abrir os caixas eletrônicos
Um dia após explosões de bancos em Goiana, Iati e Jataúba, investidas ocorreram em Barreiros (Mata Sul) e no Cabo de Santo Agostinho (Grande Recife). Tiros, reféns, policiais acuados. Reunida poucas horas depois, ao mesmo tempo em que policiais civis paravam as atividades pedindo um plano de carreira, a cúpula da segurança pública prometeu reforçar o setor de inteligência para conter crimes contra agências bancárias.
Medida importante, mas que não resolve, de imediato, um problema que pode bater à porta do cidadão nesta ou na outra madrugada. Pernambucanos, sobretudo os das pequenas cidades, convivem cada vez mais com o medo e a dúvida de onde serão as próximas investidas.
Explosões e tiros em Barreiros
Tentaram o mesmo na do Bradesco, mas não conseguiram abrir os caixas eletrônicos.
Na saída, ora com um veículo em marcha ré, ora com um pé de cabra, arrombaram três lojas. Feitos reféns, guardas municipais e pedestres foram obrigados a carregar produtos roubados até automóveis. O grupo fugiu deixando poucas pistas. Ao raiar do dia, para quem ficou, a missão inglória foi contar prejuízos.Os aposentados Sônia Cordeiro, 71 anos, e Aurino José, 75, moram perto de um dos bancos alvejados. Quando ouviram os tiros, se esconderam nos fundos da casa.
“Moramos há mais de 40 anos aqui e nunca vimos uma coisa assim”, lamentou Sônia.
Impossibilitados de enfrentar os criminosos, policiais pediram apoio de outras equipes, que vieram do Recife e até de Alagoas. Um carro foi achado com equipamentos usados na ação, como uma motosserra. Ninguém foi preso. Nos escombros da agência da Caixa, uma bolsa com explosivos também foi encontrada. Segundo a Polícia Federal, antes de serem detonados, os artefatos foram periciados para que eventuais inscrições os liguem à quadrilha.
Os casos são investigados pelo Depatri, que, em nota, destacou a desarticulação de 12 quadrilhas envolvidas em crimes desse tipo e a prisão de 80 pessoas entre janeiro e setembro deste ano. O número de explosões de bancos, porém, aumentou de 34 para 40 nesse período em relação a 2015, e o total de investidas, entre tentadas e consumadas, de 128 para 144 (+12,5%).
O presidente da Associação dos Delegados de Polícia, Francisco Rodrigues, porém, ressaltou que há questões delicadas. “Como melhorar o cenário, se os próprios funcionários da inteligência estão insatisfeitos? No caso dos delegados, com o pior salário e sem condições de trabalho, as operações estão comprometidas. Diante disso, com certeza, haverá uma próxima explosão (de banco). O Estado, parece, paga para ver e não investe.”