guerra no oriente médio

Atos pró-Palestina em universidade de Paris e cancelamento de formatura na Califórnia

Movimento na França ocorre no momento em que os protestos pró-Palestina se multiplicam nas universidades dos Estados Unidos

Manifestantes seguram cartazes com os dizeres 'desmantelar fronteiras coloniais' enquanto estudantes ocupam um prédio do Instituto de Estudos Políticos em apoio aos palestinos, em ParisManifestantes seguram cartazes com os dizeres 'desmantelar fronteiras coloniais' enquanto estudantes ocupam um prédio do Instituto de Estudos Políticos em apoio aos palestinos, em Paris - Foto: Dimitar Dilkoff/AFP

Um grupo de estudantes bloqueou, nesta sexta-feira (26), o prestigiado Instituto de Estudos Políticos (Sciences Po Paris) para exigir uma “condenação clara das ações de Israel” na Faixa de Gaza. O ato ocorre na sequência dos protestos pró-Palestina nas universidades americanas que, apesar da forte repressão policial e das centenas de detenções registradas desde a semana passada, têm se avolumado. Na Universidade do Sul da Califórnia (USC), em Los Angeles, onde 93 estudantes foram detidos, a sua principal e tradicional cerimônia de formatura foi cancelada devido a "novas medidas de segurança".

As manifestações em frente à Escola Superior de Ciências Políticas de Paris começaram na quinta-feira (25) à noite. Os manifestantes bloquearam a entrada do edifício histórico com materiais de construção e caixotes do lixo. Nesta manhã, os estudantes que pernoitaram podiam ser vistos pelas janelas do centro, com kufiyas na cabeça, bandeiras palestinas penduradas nas grades e slogans de apoio à sua causa.

Assim como suas homólogas americanas, o comitê Palestina do Instituto de Estudos Políticos pede “a condenação clara das ações de Israel” em Gaza e o “fim da colaboração” com todas as “instituições” consideradas cúmplices da “opressão sistémica do povo palestiniano”.

O grupo também apela ao fim da “repressão das vozes pró-palestinas no campus”, depois do centro ter sido acusado de permitir o florescimento do antissemitismo. A AFP não conseguiu entrar em contato com a direção do centro. Segundo o Le Monde, a direção do Instituto organizou uma reunião com representantes dos estudantes.

O presidente do Conselho Representativo das Instituições Judaicas de França (Crif), Yonathan Arfi, qualificou esta mobilização como “perigosa”, embora tenha reconhecido que não é “massiva”, em declarações ao canal LCI.

Evento cancelado
O movimento na França ocorre no momento em que os protestos pró-Palestina se multiplicam nas universidades dos Estados Unidos. Apesar da prisão de mais de 400 pessoas desde semana passada, violência policial, e até ameaças de expulsão de alunos envolvidos nos atos, como na Universidade Princeton, Nova Jersey, os acampamentos espalhados pelos campi se avolumaram, e mais de 20 instituições de ensino superior aderiram ao movimento que pressiona por um cessar-fogo em Gaza e por medidas efetivas de suas reitorias para cortar laços com empresas que apoiam a guerra de Israel contra o Hamas no enclave palestino.

Diante das manifestações, algumas universidades suspenderam as aulas presenciais, enquanto outras sugeriram a professores e alunos utilizarem meios digitais para não prejudicar o andamento do semestre, que deve encerrar nas próximas semanas. Na Universidade do Sul da Califórnia (USC), a cerimônia tradicional, que congrega 65 mil estudantes, familiares e amigos ao mesmo tempo durante 1h30, foi cancelada. "Compreendemos que isto é decepcionante", escreveu a universidade em um comunicado divulgado na quinta-feira.

Os ritos não deixarão de ocorrer, mas foram fragmentados em pelo menos 23 cerimônias de formatura satélite nas escolas e faculdades segundo a programação, além de recepções menores segundo cada departamento. Ainda assim, algumas medidas foram implementadas para evitar distúrbios, como a emissão de bilhetes (cada aluno poderá reservar gratuitamente entradas para até oito convidados) e a revista de bolsas e malas.

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