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Brasil

Adolescente é morto em ocupação de estudantes no Paraná

Jovem de 16 anos foi assassinado em uma escola ocupada no PR. O autor do crime tem 17 anos. Eles consumiram droga

Morte acirra ainda mais os ânimos dos pró e dos contra as ocupaçõesMorte acirra ainda mais os ânimos dos pró e dos contra as ocupações - Foto: Atila Albert/Folhapress

 

Um adolescente de 16 anos foi assassinado em uma escola estadual de Curitiba ocupada há 20 dias por estudantes. O crime ocorreu na tarde da última segunda-feira (25). O adolescente Lucas Eduardo Araújo Mota foi morto por outro colega, de 17 anos, que também estava na ocupação do Colégio Estadual Santa Felicidade. Segundo a Secretaria da Segurança, os dois se desentenderam após terem usado uma droga sintética, “balinha”, dentro do colégio.

Eles partiram para o confronto e Mota foi atacado com uma faca de cozinha, na altura do pescoço. O autor, que pulou o muro e fugiu, foi abordado pela polícia horas depois e, segundo o Governo, admitiu o crime. Ele foi apreendido e deve responder por homicídio - a internação máxima é de três anos.

Esse colégio é uma das 800 unidades ocupadas no Paraná em protesto contra a medida provisória do governo Michel Temer (PMDB) que prevê a reformulação do ensino médio e a flexibilização do currículo. O assassinato do estudante serviu para acirrar os apelos pró e contra as ocupações das escolas estaduais.

Nessa linha de acirramento com os manifestantes, o governador Beto Richa (PSDB) lamentou a morte do estudante em uma rede social e disse que ela merece “uma profunda reflexão da sociedade”. “A ocupação de escolas no Paraná ultrapassou os limites do bom senso”, disse o governador.

Já na frente do colégio, um grupo de advogados e professores se queixava de que o Governo “incitou a violência” contra as ocupações. “Esse colégio não tem faca, não tem armas. A culpa dessa morte é do governo do Paraná, que esta incitando a violência contra as ocupações”, disse a advogada Tânia Mandarino, que defende voluntariamente o movimento.

Ela diz que outras escolas tiveram tentativas de confronto por manifestantes contrários às ocupações. “O resultado está aí: temos um cadáver”, afirmou a advogada. Segundo o secretário de Segurança Pública, Wagner Mesquita, o inquérito policial do caso pode responsabilizar maiores de 18 anos que estavam na ocupação, articuladores do movimento e até mesmo os pais dos alunos.

Na semana passada, grupos como o MBL (Movimento Brasil Livre) organizaram protestos contra os estudantes e chegaram a discutir em frente a alguns colégios. Na escola onde o estudante foi assassinado, o clima era de comoção. Somente os pais do aluno e de alguns outros estudantes, além de um grupo de advogados, foram autorizados a entrar.

Pelo menos 12 estudantes estavam no local no momento da morte, e foram interrogados em conjunto pelo delegado que investiga o caso. A mãe dele, segundo Mandarino, estava em estado de choque.

 

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