Logo Folha de Pernambuco
Brasil

Com atraso, governo quer repelentes para grávidas em dezembro

Distribuição será feita para cerca de 484 mil grávidas de baixa renda cadastradas no programa Bolsa Família

Daniel CoelhoDaniel Coelho - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Após quase um ano de atraso, o governo prevê que a distribuição de repelentes como forma de proteção para grávidas contra o mosquito que transmite o vírus da zika ocorrerá em dezembro deste ano.

O novo prazo foi informado nesta quinta-feira (10) pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, em reunião no Conselho Nacional de Saúde. Segundo ele, um pregão para compra dos repelentes será aberto em 1º de dezembro. A previsão é que, se concluída a compra, os produtos estejam disponíveis até o fim do mês. "Se não houver problemas no pregão, em dezembro ainda teremos a primeira entrega", disse Barros.

A distribuição será feita para cerca de 484 mil grávidas de baixa renda cadastradas no programa Bolsa Família. Em dezembro de 2015, o então ministro da Saúde, Marcelo Castro, chegou a anunciar que distribuiria o produto para todas as gestantes atendidas na rede pública. Um mês depois, recuou da medida e anunciou a oferta apenas para as gestantes vinculadas ao programa federal.

A iniciativa de distribuir os repelentes também tem sido marcada por outros recuos e impasses. Inicialmente, o governo anunciou que iria os produtos seriam produzidos em laboratório do Exército -o que não ocorreu. Em seguida, passou a convocar fabricantes, mas a negociação foi marcada por novos entraves em relação aos prazos, preços e a capacidade de fornecimento.

Agora, o governo afirma que irá investir cerca de R$ 300 milhões, por meio do repasses do Ministério do Desenvolvimento Social, para a compra dos produtos em dezembro. A quantidade de repelentes não foi informada -segundo a Saúde, o valor deve ser equivalente à oferta anual dos produtos às gestantes. A estimativa da pasta é que a soma dos produtos garanta 3 bilhões de horas de proteção.

O objetivo é evitar os riscos de infecção pelo vírus da zika, associado à ocorrência de microcefalia em bebês. Dados de boletim do ministério apontam que, desde 2015, o Brasil já registra 2.079 casos confirmados de bebês com microcefalia e outras alterações no sistema nervoso central. Outros 3.077 casos ainda estão em investigação.

Campanha anti-aedes


Além da compra, Barros também adiantou detalhes da nova campanha nacional contra dengue, chikungunya e zika que será lançada pela pasta no dia 20 deste mês.

Desta vez, no entanto, o foco será ampliado. Em vez do tradicional anúncio de quais são as medidas recomendadas para combate ao mosquito transmissor, o Aedes aegypti, a campanha deve focar em depoimentos de pessoas que sofreram impactos por essas doenças, como mães de bebês com microcefalia e pacientes que sofrem com dores nas articulações devido ao vírus chikungunya.

Também deve incluir, pela primeira vez, alertas sobre a possibilidade de transmissão sexual do vírus zika, com estímulo ao uso de preservativos.

"O que muda é a maneira de comunicar. Em vez de ensinar como faz para evitar o foco do mosquito, vamos mostrar os impactos que a falta de combater o foco traz à vida das pessoas", afirma.

Ele lembra que especialistas têm apontado o risco de maior transmissão de chikungunya no próximo ano -só em 2016, casos de infecção pelo vírus que leva a dores nas articulações cresceram 516% em relação a registrado em todo o ano de 2015. "Podemos ter casos mais intensos de chikungunya, que é um incapacitante temporariamente", diz o ministro.

Um mutirão de mobilização nacional contra o Aedes está marcado para o dia 25 deste mês. O governo também pretende aproveitar as datas de Natal, Réveillon e férias para anunciar novas campanhas de combate ao mosquito.

Veja também

Newsletter