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Conselho de ética que julgará Aécio no PSDB será instalado em dez dias

A informação foi divulgada pelo presidente nacional do partido, Bruno Araújo (PE), durante o encontro estadual de gestores municipais do PSDB em Minas Gerais

Aécio Neves Aécio Neves  - Foto: Sérgio Lima/AFP

O conselho de ética do PSDB que irá julgar os processos contra membros do partido será instalado dentro de dez dias. Entre os primeiros processos na fila pode estar a permanência ou não do deputado federal Aécio Neves (MG). Em julho, o diretório municipal de São Paulo apresentou uma moção pedindo a expulsão do mineiro.

A informação foi divulgada, nesta sexta-feira (9), pelo presidente nacional do partido, Bruno Araújo (PE), durante o encontro estadual de gestores municipais do PSDB em Minas Gerais.

Araújo disse que quem irá avaliar a situação de Aécio é o conselho, respeitando as regras definidas pelo código de ética aprovado este ano. As novas regras preveem, por exemplo, que para expulsão de um filiado (seja por corrupção, improbidade administrativa dolosa ou racismo e casos de violência contra mulher, idosos, criança), é necessário que haja uma decisão judicial, transitada em julgado.

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Réu em processos, incluindo acusação de corrupção, Aécio Neves ainda não foi julgado pela Justiça.

"O ex-senador, ex-governador, deputado Aécio Neves tem da minha parte, e de grande parte do partido, uma relação de absoluto respeito pela sua história, pelo que fez com o Brasil, pelo que fez com Minas. Vai ser tratado com absoluto respeito, especialmente da minha parte, fazendo com que a regra do jogo siga democraticamente", disse Araújo.

Em julho, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, deu um ultimato sobre a permanência de Aécio no partido. Para os aliados de Aécio, a ala paulista estaria tentando criar "um tribunal de exceção".

No mesmo mês, o diretório municipal da capital paulista elaborou uma moção pedindo a expulsão do deputado mineiro.

Para o presidente do partido em Minas Gerais, deputado Paulo Abi-Acklel, próximo de Aécio, a pressão do diretório paulista é normal no momento pré-eleitoral, um ano antes das eleições municipais.

Ele disse que descarta a possibilidade de que o código de ética não seja usado -ou seja, que Aécio seja expulso antes de uma decisão judicial em seus processos.

Também no evento desta sexta, respondendo sobre Covas, Aécio disse que "cada um escolhe a forma que acha mais adequada de fazer política".

Ao lembrar que "dedicou os últimos anos" da vida trabalhando para conseguir vitórias para o partido, ele ressaltou as conquistas nas eleições municipais de 2016, que, "sob sua liderança", trouxeram a eleição de João Doria (SP) na capital paulista.

"É o que vou continuar fazendo. Ajudando a construir o partido, porque o Brasil precisa de um caminho que não seja pelos extremos. Mais do que nunca, o que percebo é um vácuo, uma ausência no centro de uma nova articulação, em torno de uma agenda de unidade nacional, uma agenda que privilegie os investimentos público e privado, que faça o Brasil voltar a crescer", afirmou o deputado.

Aécio citou a reunião que teve com o senador José Serra (PSDB/SP) e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), na quinta-feira (8), para discutir pautas do segundo semestre. Entre elas, diz ele, a reforma tributária, o pacto federativo e a Lei Kandir.

Dupla independência
Abi-Ackel e Araújo também defenderam a independência do PSDB diante dos governos de Romeu Zema (Novo), em Minas Gerais, e de Jair Bolsonaro (PSL). Apesar de os tucanos ocuparem cargos no primeiro escalão do governo Zema, em maio, Aécio foi incisivo ao dizer que o partido não poderia ser porta-voz do atual governo mineiro. O deputado fez discurso dizendo que o programa do PSDB não era o do ultraliberalismo.

Nesta sexta, Abi-Ackel, comparou a situação dos tucanos no governo estadual com a do DEM no governo Bolsonaro. Ele diz que, apesar de os democratas terem Luiz Henrique Mandetta (MS), na Saúde, e Onyx Lorenzoni (RS), na Casa Civil, seguem tendo posição independente defendida pelo presidente do partido, ACM Neto (BA).

Araújo reiterou o discurso de independência diante do governo federal. O presidente tucano diz que vai colaborar com o governo em pautas liberais, como fizeram com a reforma da Previdência, relatada por dois políticos do partido -Samuel Moreira (SP), na Câmara, e Tasso Jereissati (CE), no Senado.

Ele salientou, porém, que devem se posicionar contra "qualquer atitude anti-civilizatória, qualquer posição autoritária ou qualquer coisa que leve a posições extremas".

Sobre o apoio a Bolsonaro no maior colégio eleitoral do país, na dobradinha "Bolsodoria", Araújo disse que o partido ficou entre duas alternativas: PT ou Bolsonaro.

"Nossa natureza foi ant-PT, de enfrentamento ao PT. Eu votei em Bolsonaro como negação ao PT, que foi o partido que nós enfrentamos. Talvez a liturgia da cadeira de presidente da República pusesse alguns limites. Talvez esses limites não tenham sido estabelecidos pela força da instituição", avalia ele.

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