Estudantes do Paraná ocupam mais um prédio público em Curitiba
Nova ocupação é reação às reintegrações de posse de 25 colégios, obtidas pelo governo estadual na última semana
Estudantes que ocupam colégios estaduais no Paraná entraram nesta segunda (31) pela manhã no Núcleo Regional de Educação, em Curitiba.
A nova ocupação, segundo eles, é uma reação às reintegrações de posse de 25 colégios, obtidas pelo governo estadual na última semana. Parte dos alunos resiste à ideia de sair. Outros já desocuparam as escolas pacificamente. O governo diz que o uso da força pela polícia é "a última alternativa".
Encapuzadas, vestindo moletons e lenços sobre o rosto, cerca de 40 pessoas entraram no prédio por volta das 10h30, gritando "ocupa tudo" e apagando as luzes. O grupo saiu do Colégio Estadual do Paraná, o maior do Estado. Havia alunos de outras escolas entre eles. Eles protestam contra a reforma do ensino médio proposta pelo governo federal, além da PEC que estabelece um teto para gastos públicos.
Em frente ao prédio, foram colados cartazes que dizem "Fora, Temer" e "Fora, Beto Richa", além de "Fora, mídias golpistas e inimigas do povo". Os 150 funcionários do prédio saíram sem resistência, à exceção de alguns que discutiram com os alunos. Não houve violência. No mesmo local, funciona o serviço de previdência estadual do Paraná. O atendimento ao público, porém, não havia sido prejudicado.
Os alunos fizeram assembleia na tarde de domingo (31) e decidiram pela ocupação do Núcleo. Eles não informaram se outros prédios públicos também serão ocupados.
REAÇÕES
Um aluno que não quis se identificar, vestindo uma bandana no rosto, afirmou que a ocupação é legítima. "Aqui é simbólico, é o Núcleo da Educação", afirmou. Ele disse estar usando máscara para proteger sua identidade, e negou que a prática fosse assustadora. "O que assusta mais é a perseguição e retaliação de pessoas [às ocupações] que não têm a mínima civilidade."
Parte dos pais e alunos se opõe ao movimento, e tem feito protestos pedindo a volta às aulas. Em alguns deles, houve bate-boca, mas não há registro de feridos.
O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), reagiu e disse que "não há a menor necessidade" de ocupações. "Tudo que era possível, eu fiz. Estamos conversando democraticamente, mas baderna, não vamos permitir. Não é assim que se consegue qualquer tipo de mudança", declarou.
Há 315 escolas ocupadas no Paraná nesta segunda (31), segundo balanço da secretaria da Educação.