Evangelizador na Funai cede a interesses religiosos e afronta Constituição, diz organização indígena
A presidência do órgão prepara a indicação de um nome da Missão Novas Tribos do Brasil, que atua na evangelização de indígenas na Amazônia
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) afirma que a nomeação de um teólogo e missionário para a coordenação de índios isolados na Fundação Nacional do Índio (Funai) cede a interesses evangélicos e afronta a Constituição ao minar uma política laica para com os povos indígenas.
Como noticiado pela Folha de S.Paulo, a presidência do órgão prepara a indicação de um nome da MNTB (Missão Novas Tribos do Brasil), que atua na evangelização de indígenas na Amazônia desde os anos 1950, para um de seus setores mais sensíveis.
A atuação da MNTB é objeto de polêmicas e críticas de indigenistas e antropólogos. "São conhecidas as nefastas consequências das atividades proselitistas sobre os povos indígenas isolados em território brasileiro ao longo da história", afirma a nota de repúdio. "Há inúmeras situações onde o contato forçado provocado por grupos missionários, inclusive ligados à MNTB, teve como rápida consequência elevado número de mortes por doenças".
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A Apib, que congrega oito organizações regionais, é coordenada pelas lideranças indígenas Sonia Guajajara, Paulo Tupiniquim, Eliseu Guarani-Kaiowá, Alberto Terena a e Kretã Kaingang.
Na nota, a organização sugere que a Funai busque, dentro da própria Fundação, quadros técnicos competentes, com experiência de trabalho com povos isolados e capacidade técnica. "Denunciamos, mais uma vez, o rápido desmonte das políticas públicas direcionadas aos povos indígenas por parte do governo Bolsonaro, por meio da submissão da política indigenista a interesses de grupos religiosos que dão suporte ao seu governo e, em muitos casos, a grupos ruralistas interessados pelas terras tradicionalmente ocupadas por esses povos", diz o documento.