Quem tem que falar sobre morte de Ágatha é o governador do RJ, diz Heleno
A mãe de Ágatha, Vanessa Francisco Sales, diz que não viu de onde partiu o disparo, mas que ele veio da direção de onde estavam policiais
O ministro Augusto Heleno (Segurança Institucional) defendeu nesta quinta-feira (26) o fato de o presidente Jair Bolsonaro (PSL) não ter se manifestado sobre a morte da menina Ágatha Félix, 8, atingida por um disparo no Complexo do Alemão, zona norte do Rio, na semana passada.
De acordo com o ministro, o caso deve ser comentado pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), e não pelo presidente da República.
Leia também:
Projétil que matou Ágatha é de fuzil, mas não poderá ser comparado a armas de PMs
Tiro pode ter partido até de briga de bar, mas não havia confronto, dizem pais de Ágatha
"Nós somos uma república federativa. Um acontecimento num estado, como o Rio de Janeiro, fosse o presidente a cada dia comentar sobre acontecimentos do estado, vai acabar se intrometendo onde não foi chamado", disse Heleno.
"Isso é um problema do governador [do Rio], quem tem que falar sobre isso é o governador. A polícia é dele, o estado é dele, a situação está na mão dele. A apuração é feita lá. Não pode o presidente da República sair emitindo opiniões ou dando palpite nisso aí", acrescentou.
Ágatha foi baleada nas costas na última sexta-feira (20), quando voltava de um passeio com a mãe. A menina estava no banco traseiro de uma kombi, que estava estacionada para que passageiros desembarcassem.
O caso gerou comoção no Brasil e diversas personalidades e autoridades se manifestaram. O presidente Bolsonaro, no entanto, ainda não comentou o caso.
O próprio governador Witzel deu uma entrevista sobre o tema e disse que o caso não pode ser usado como "palanque eleitoral" ou com o objetivo de obstruir votações importantes como o chamado pacote anticrime do ministro Sergio Moro (Justiça).
Augusto Heleno afirmou ainda que é preciso aguardar as investigações do caso e classificou o episódio de "lamentável e cruel".
Ele, no entanto, disse que "não necessariamente" é verdadeira a versão apresentada pelo motorista da kombi, segundo quem um policial teria atirado contra dois motociclistas que passaram em alta velocidade ao lado da van.
"Não é necessariamente verdadeira. Porque você está dirigindo uma viatura, toma um tiro por trás e já sabe quem foi? É complicado né? A tendência, quando você toma um tiro num veículo que você está, a primeira coisa é se abaixar. Tentar entrar até debaixo do banco", afirmou o ministro.
"Essas coisas são complicadas, tem que esperar alguma coisa que seja periciada, que tenha fundamento científico. Hoje tem meios para levantar a direção de onde veio o tiro", concluiu.
Já a mãe de Ágatha, Vanessa Francisco Sales, única dos familiares que estava dentro da kombi quando a menina foi atingida, diz que não viu de onde partiu o disparo, mas que ele veio da direção de onde estavam policiais. Ela se lembra de ter avistado mais de dois agentes.
A Polícia Militar do Rio, por sua vez, diz que um confronto com criminosos ocorria naquele momento.