Rio de Janeiro tem semestre mais violento desde 2009
O número de mortes violentas cresceu 15% em relação ao mesmo período de 2016. A região que mais sofreu foi a Baixada Fluminense (23%)
Na tarde do último dia 5 de julho, na porta do IML do Rio, a tia de uma menina de dez anos morta com um tiro na cabeça em uma favela da Zona Norte fez um desabafo. A fala de Tatiana Lopes viralizou, já que representava um sentimento quase geral da população. "A gente não aguenta mais. Hoje foi minha sobrinha. Amanhã vai ser quem? A gente está cansado. Quero ver dizer na minha cara que a gente pode contar com o poder público no Rio de Janeiro".
Dados oficiais confirmam a sensação de insegurança em um Estado hoje sob reforço de policiais da Força Nacional de Segurança e de militares das Forças Armadas. O número de mortes violentas no primeiro semestre deste ano (3.457) cresceu 15% em relação ao mesmo período de 2016. Foi o pior primeiro semestre desde 2009 (3.893). A região onde essas mortes mais aumentaram foi a Baixada Fluminense (23%), conjunto de 13 municípios, com 3,7 milhões habitantes.
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"Aqui as pessoas se sentem mais à vontade para matar", diz Nívea Raposo, 41. "Porque sabem que é terra de ninguém", afirma Luciene Silva, 51. Ambas perderam filhos para a violência na região, num intervalo de dez anos entre os assassinatos. A capital, no entanto, não ficou muito atrás. Lá, as mortes violentas subiram 21%.
Os números são do ISP (Instituto de Segurança Pública), braço estatístico da Secretaria de Segurança Pública, e somam homicídio intencional, roubo seguido de morte, lesão corporal seguida de morte e homicídio após oposição a intervenção policial.
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