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Uma em cada 5 escolas 'top' tem maioria de alunos 'importados'

Criar escolas pequenas com os melhores alunos, muitos tirados de outras escolas, têm sido a estratégia de algumas escolas para aparecer no topo do ranking

Sala de aula em escolaSala de aula em escola - Foto: Suami Dias/GOVBA

Escolas particulares pequenas, com alunos 'importados' de outras unidades, é o perfil majoritário das escolas no topo do ranking do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2015.

Em 19 unidades das 100 melhores, ao menos 80% dos alunos não cursaram os três anos do ensino médio na escola -o que representa uma a cada cinco escolas da lista. No Enem 2014, eram 15 escolas com esse perfil entre as 100 primeiras.

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A tendência é mais acentuada na ponta de cima do ranking. Das 10 escolas com maiores médias, seis têm essa característica. Além disso, 42 escolas desse grupo têm até 60 alunos -sendo 17 com até 30 estudantes.

Criar escolas pequenas com os melhores alunos, muitos tirados de outras escolas, têm sido a estratégia de algumas escolas para aparecer no topo do ranking. O modelo já tem sido criticado em anos anteriores por especialistas por distorcer a realidade.

Essas unidades não representariam uma escola real, acessível às famílias. As escolas defendem que buscam criar condições específicas para alunos acima da média.

A primeira colocada nesta e nas últimas seis edições, o Objetivo Integrado, consta nos registros do Ministério da Educação como uma escola autônoma, mas só tem uma sala de 3º ano de ensino médio. O endereço é o mesmo do colégio Objetivo, na Avenida Paulista.

O Integrado forma duas salas de 1º ano de ensino médio, mas a partir do 2º ano reduz a apenas uma. Fica na "escola" quem tem notas maiores, segundo relatos de pais de alunos.

Vera Antunes, coordenadora do Objetivo Integrado, nega que a unidade exclua alunos com o objetivo de garantir bons resultados no ranking. Segundo ela, o Objetivo não tem condições de manter professores suficientemente qualificados para ter duas salas a partir do 2º ou 3º ano e, por isso, há a redução para uma turma após o 1º ano.

"Os alunos do Integrado são aqueles que pediram para ter um ensino mais aprofundado, eles passam no ITA [Instituto de Tecnologia e Aeronáutica], USP, Unicamp", diz. "São alunos excepcionais, não é possível misturá-los."

O filho de Renata Teixeira, 44, era aluno do Objetivo foi convidado a ingressar no Integrado quando chegou ao 1º ano. Ao passar para o 2º ano, entretanto, acabou retirado da escola no critério de nota e foi transferido para outra sala do colégio.

"Ele não aguentava mais a pressão psicológica, os alunos são cobrados a cumprir uma carga de estudo todos os dias", diz Teixeira, que também é professora. "Agora, no 3º ano, ele foi chamado para voltar ao Integrado, mas não quis".

Entre colégios de maior porte, com mais de 90 alunos, o Colégio Bernoulli, de Belo Horizonte, ficou em primeiro no país. Os alunos conseguiram uma média de 725,3 na prova objetiva e 845,9 na redação. Na sequência, aparece o Instituto Dom Barreto, do Piauí.

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