Brasileiro entra na lista dos 50 mais influentes do mundo em 2025 pelo The Washington Post
Pesquisador Carlos Monteiro é professor da USP e criou o conceito de alimentos ultraprocessados, que repercute por todo o mundo
O renomado pesquisador brasileiro Carlos Monteiro, de 76 anos, foi escolhido como uma das 50 pessoas mais influentes de 2025 e que estão "moldando nossa sociedade" pelo jornal americano The Washington Post.
O epidemiologista, que cunhou o conceito de alimentos ultraprocessados, é professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), onde fundou o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens).
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Segundo Matt Murray, editor executivo do The Washington Post, o "objetivo da lista é apresentar um grupo fascinante de pessoas que esperamos que causem impacto este ano".
Os jornalistas do veículo selecionaram mais de 200 nomes que foram reduzidos para 50 com base na "relevância de seus projetos futuros e o que suas ascensões revelam sobre nossa sociedade em 2025".
Monteiro é médico, mestre em Medicina Preventiva, doutor em Saúde Pública, com pós-doutorado no Instituto de Nutrição Humana da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, e membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
É um dos pesquisadores mais citados do mundo, com seus trabalhos tendo guiado o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, e diversas diretrizes dietéticas de outros países.
Cada um dos 50 selecionados pelo jornal americano recebeu um perfil descrevendo a sua atuação.
O do brasileiro, escrito pelo colunista de saúde do The Washington Post Anahad O’Connor, lembra que Monteiro introduziu o conceito de ultraprocessados ainda em 2009 quando ele e seus colegas criaram o sistema de classificação NOVA.
O sistema, utilizado em todo o mundo, define o nível de processamento dos alimentos e cria a categoria dos ultraprocessados: formulações que passam por diversas etapas industriais e têm a adição de ingredientes sintéticos como emulsificantes, saborizantes e conservantes.
Alguns exemplos de ultraprocessados são salgadinhos, biscoitos, refrigerantes, entre muitos outros presentes em boa parte do cotidiano das pessoas pelo mundo.
No Brasil, segundo estimativas do Nupens, eles representam 21,6% da alimentação. Porém, em outros países, chegam a representar até 42% e 58% do total de calorias consumidas por dia, caso da Austrália e dos Estados Unidos, respectivamente.
"Nos últimos anos, dezenas de estudos descobriram que, quando as pessoas consomem alimentos ultraprocessados, elas consomem mais calorias, ganham mais peso e o risco de ter 32 problemas de saúde aumenta. Muitos países já emitiram diretrizes dietéticas para o consumo desses alimentos", cita o perfil escrito pelo jornalista americano destacando o impacto do trabalho de Monteiro.
Ao The Washington Post, o brasileiro afirmou ser preciso "uma reorientação em nossas políticas de alimentação e nutrição" e defendeu medidas como a restrição de propagandas dos ultraprocessados, rótulos de advertência nas embalagens e cobrança de impostos para que a receita gerada subsidie alimentos mais saudáveis.
— É importante educar os consumidores, mas não se pode simplesmente recomendar que uma pessoa coma uma pequena quantidade de um produto que foi projetado e comercializado para ser consumido em excesso — continuou.
Ao todo, seis personalidades foram escolhidas pelo jornal americano como mais influentes no campo da saúde: além de Monteiro, o veículo destacou a dupla de neurocientistas Grégoire Courtine e Jocelyne Bloch; a imunologista Kizzmekia Corbett-Helaire; a médica Rebecca Gomperts; e o oncologista Vinod Balachandran.

