Glória do Goitá

Buscas pelo suspeito de matar duas jovens em Glória do Goitá continuam

Os moradores vivem dias de medo, revolta e insegurança; população pede justiça 

Buscas por Edson Cândido Ribeiro seguem no Sítio Canavieira, na zona rural de Glória do GoitáBuscas por Edson Cândido Ribeiro seguem no Sítio Canavieira, na zona rural de Glória do Goitá - Foto: Arthur Mota/ Folha de Pernambuco

As buscas pelo suspeito de matar as jovens Jailma Muniz de Souza, de 19 anos, e Kauany Mayara Marques da Silva, de 18 anos, continuam no município de Glória do Goitá, na Zona da Mata Sul de Pernambuco. De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, Edson Cândido Ribeiro, de 35 anos, está foragido e foi visto por populares na noite da quarta-feira (3) no Sítio Canavieira, na zona rural do município, local onde a família do foragido mora.

As equipes das polícias Civil e Militar concentram as investigações na região, utilizando helicópteros, viaturas e cães farejadores. A população também está participando das buscas. 

“O elemento se encontra na mata, na zona rural. Foram feitas várias buscas e ele se encontra dentro da mata do Sítio Canavieira. A princípio, ele estava no Sítio Cueiras, depois Chã de Pedra, e agora ele está em Canavieiras e o pessoal nesta quinta pela manhã já estava no local, todos em busca dele, mas ainda não foi capturado”, explicou Severino Evaldo, mais conhecido como Índio, comissário chefe da Delegacia da Polícia Civil de Glória do Goitá. 

Severino destacou ainda que, nesta quinta-feira (3) pela manhã, alguém levou uma bolsa com comida para o suspeito. “Deixaram no local uma bolsa com uma marmita certamente para ele se alimentar. A pessoa que deixou saiu rapidamente”. 

O suspeito de ter praticado os dois crimes é morador do Sítio Canavieira e já foi preso por crimes de roubo e estupro

Medo e revolta 
Portas trancadas, casas vazias e pessoas com medo. É assim que os moradores de Glória do Goitá estão desde que os assassinatos aconteceram e com a fuga do suspeito. 

Casas vazias no Sítio Cueiras, zona rural de Glória do GoitáCasas vazias no Sítio Cueiras, na zona rural de Glória do Goitá. Foto: Arthur Mota/ Folha de Pernambuco

De acordo com os moradores do Sítio Canavieira, local onde o suspeito residia e está escondido, o clima é de muito medo. As pessoas quase não estão saindo de casa e, quando precisam se deslocar, tentam ir sempre em grupos. 

“Está difícil a situação, todo mundo com as portas fechadas e com muito medo. Até para ir ao trabalho estamos com medo”, destacou um morador da região que preferiu não se identificar. 

No Sítio Cueiras, local que aconteceu o assassinato de Jailma Muniz de Souza, que foi estuprada e morta a golpes de arma branca, muitos moradores resolveram deixar as suas casas. Quem não pôde permanece com as portas trancadas. 

Com muita dor e bastante emocionado, o pai de Jailma, Joel Manoel da Silva, que nasceu e foi criado no Sítio Cueiras, relata que nunca aconteceu um fato como esse na região e que os moradores não conseguem mais sair de suas casas. Segundo o pai da vítima, o sentimento é de revolta. 

Foi a minha filha que mataram. Todo mundo está com medo. Moro aqui, mas nem aqui vou ficar mais, com um homem desses solto acabando com tudo. Do jeito que ele está, pode matar qualquer um. Pegar uma menina, estuprar e matar, uma menina que estava levando a comida para a mãe. Acabou a minha vida. Quem quer ficar em um lugar desse?!”. 

Jailma foi enterrada nesta quarta-feira (2), no Cemitério Santo Urbano, em Glória do Goitá

Outro morador de Cueiras, o agricultor Maurílio da Silva Santos, tem duas filhas. A esposa dele, que está muito apreensiva, saiu da região e foi para a casa da mãe. 

“Levei a minha esposa para a casa da mãe dela porque ninguém consegue dormir à noite, com o homem solto. Eu quero justiça e que prendam esse marginal. Não estou trabalhando porque estou com medo de deixar as minhas filhas e a minha esposa sozinhas. Está muito complicado aqui, um lugar tão bom de se morar e apareceu ele para atrapalhar todos”, destacou o agricultor.

Caso Kauany 
Desde a última semana de janeiro, Kauany Mayara Marques da Silva morava em um quarto alugado. Segundo Severino Brás Gonçalves, mais conhecido como Tempero, dono do local, ela se mudou na última quinta-feira (27) para ficar mais próxima da avó. 

Severino, que mora ao lado do quarto alugado, relatou que, no dia da mudança, a jovem e o suspeito levaram as coisas dela para o local.

Na noite do último sábado (29), dia do desaparecimento da jovem, o dono do quarto afirmou que o mesmo homem chegou às 18h e falou para ele: "Oi, Tempero. Tudo bom?”. Depois ele entrou no quartinho. 

“Escutei ele insistindo e ela falando que não queria alguma coisa. Eu escutei quando ela disse para ele soltar o braço dela e depois ela deu um grito. Eu corri do sofá e perguntei o que estava acontecendo, era mais ou menos 21h30. Ele disse que estava tudo numa boa e que iria conversar com ela e ir embora”, relatou Severino. 

Severino se sente revoltado e inseguro com a situação. Os moradores da região também se sentem apreensivos e mantêm a porta de suas casas fechadas. 

“Eu me sinto inseguro. Ele chegando aqui pode derrubar tudo, mas eu não abro a porta. Eu não me conformo com uma coisa dessas. Eu nunca tinha visto ela, a primeira vez foi na semana que ela chegou aqui. Eu estou aqui acabado, muito inconformado. Desde sábado que eu não como, eu não durmo. Está todo mundo com muito medo”, destacou. 

Nesta quinta-feira (3), o corpo da jovem foi sepultado no Cemitério de Santo Amaro, no centro do Recife, após ser liberado pelo Instituto de Medicina Legal de Pernambuco (IML-PE). O corpo foi encontrada dentro de um bueiro, em avançado estado de decomposição, na última terça-feira (1º), em Glória do Goitá. 

Ainda no IML, a mãe de Kauany, Michele Marques da Silva pediu justiça. Ela afirma que o suspeito conhecia a família e a filha chamava a mãe dele de “tia”. 

"Eu nunca esperei isso, e foi ele que acabou com a minha filha. Como mãe eu estou com meu coração partido, uma dor que ninguém tapa esse buraco e eu não vou ver mais a minha filha”, pontuou.   

De acordo com Michele, ela entrou em contato com o suspeito quando a irmã dela, tia da vítima, ligou informando que Kauany estava desaparecida. 

“Ele ainda teve a capacidade de entrar na casa da minha mãe, falar com ela e com a minha irmã e dizer que não tinha nada a ver. A minha mãe passou o telefone pra mim, eu falei com ele perguntando onde estava a minha filha. Ele falou para mim bem friamente 'Tenha calma, benção, que a sua filha vai aparecer', com ar de deboche”, ressaltou. 

Michele pede por justiça. “A justiça do céu tarda, mas não falha e eu creio em nome de Jesus que esse animal vai ser pego. Ela não merecia morrer de uma morte tão triste como essa”, acrescentou. 

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