Opinião

Caixa-Preta

Impressionante como uma serie de desencontros geraram uma encruzilhada de encontros. Quando procurei o livro Caixa Preta de autoria de Georgia Alves, com dificuldade, consegui adquiri-lo. Fui ao mercado digital. Confesso que buscava uma abordagem sobre Clarice Lispector. Afinal, conheci Geórgia Alves pela internet, como Clariceana e daí, a feliz conclusão. Nada me frustrou. Jamais imaginei que encontraria qualquer coisa relacionada a engenharia aeronáutica ou coisa do gênero. Longe disso.

Ao me defrontar com a verdadeira Caixa-Preta foi uma surpresa das mais agradáveis. Então, abandonei a Caixa-Preta imaginária e fui conhecer a escritora que acabava de adentrar à minha biblioteca. Hoje, o exemplar encontra-se na Biblioteca Nilza Holanda Guerra, em Gravatá. 

Vivia em plena pandemia e por isso, atualizadíssima. Na prensa. Logo na página 27, um encontro com Gravatá, minha cidade. Um local encantador e daí em diante, passei a conviver com uma serie de colocações. Todas onde a sutileza é a principal característica. Uma Caixa-Mágica!

“Liberdade é escolher amar”. Como é verdadeiro! Tanto quanto “é impossível amar o impossível e ser amado pelo impossível”. Como sou Guerra. Encontrei “Guerra é Guerra”, embora eu seja, confessadamente da Paz. Encontrei, também, Sulamita. Um nome judaico lindo. Lógico que associei a Clarice Lispector e veio um sentimento de ausência que só desapareceu quando encontrei “Saudade só é saudade quando morre a esperança”. E aí, Georgia ainda recorre a um santo católico: “para quem só quem conhece o mal pode lidar com o mundo" (Santo Agostinho).

Isso tudo é a escritora Geórgia Alves, também jornalista e modelo na adolescência. Mulher bonita. No seu livro Caixa-Preta, ela se inspira em Virgílio (pai), professor, casado com Judite (mãe), costureira que tem uma filha, Évora que é modelo. Coincidência, pode ser? Esta tem um irmão chamado Jacques. No desenrolar, Évora abandonou a vida de modelo. Troca tudo pelo casamento e pelos filhos. Imagina o rebuliço!

No decorrer do romance, Évora ainda vive as experiências com a fotografia e o secretariado. Para tal, foi decisivo o apoio de sua professora, a estrangeira Haia, o colega de classe Basílio, a secretaria da escola Ludmila e a amiga de procedência basco-espanhola, Esmeralda. 

Toda a trama com a medida certa de expectativas e emoções vividas pelos personagens. 
Por todos estes ousados comentários acabei de ler o livro, achando-o extraordinário. Texto dinâmico, leve, enxuto. 

E nada havia com Clarice Lispector. Porque Georgia Alves tem o seu valor! Tem o seu brilho próprio, merecendo muito mais que esta crônica. Livre. Solta. Desfilando nas passarelas dos intelectos. Tão bela quanto. Questão de estéticas. E de éticas. Como valeu!.



*Empresário e jornalista
[email protected]


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