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Calma, pois ela vai te pegar de qualquer jeito

Resolver na palma da mão uma infinidade de problemas ou mesmo acessar um universo de oportunidades faz parte cada vez mais dos hábitos atuais

Não adianta querer fugir das novas tecnologias, porque elas vão acabar te pegando. Vejam o caso da Uber. Mesmo sem regulamentação, estará em condições privilegiadas no Carnaval de Olinda graças à aquisição da cota de patrocínio de R$ 1,2 milhão que investiu na folia da Marins dos Caetés, abrindo a passagem do Sítio Histórico aos carros credenciados, que agora poderão levar ou buscar os foliões.

Os taxistas protestaram e continuarão protestando, mas dificilmente vão conseguir frear a Uber ou qualquer outro aplicativo desta natureza por uma razão muito simples: a sociedade comprou a inovação. Isso se vê nas duas pontas - do consumo e da prestação do serviço. No primeiro caso, estão as pessoas que buscam facilidades. No segundo, as que encontram ali uma fonte de renda. E só em Pernambuco já são 22 mil motoristas credenciados a Uber. 

Resolver na palma da mão uma infinidade de problemas ou mesmo acessar um universo de oportunidades faz parte cada vez mais dos hábitos atuais. Por que me dirigir a um banco ou caixa eletrônico para pagar uma fatura se posso fazer pelo celular? Ou por que perder tempo indo a uma loja comprar meu perfume favorito se posso fazer isso na palma da mão e ainda recebê-lo em casa?

Mas, é preciso deixar claro que mesmo as operações acima só terão continuidade e sucesso se todos os processos forem eficientes. Não adianta comprar e não receber ou receber com tanto atraso que quando a encomenda chega você acha que alguém lhe enviou um presente.

O ato de consumo mudou. A antiga operação de troca (dinheiro pelo produto) hoje virou uma experiência. E experiência exitosa resulta em consumo. E o vendedor tradicional, assim como o motorista de táxi, será engolido pela modernidade caso não se alie a ela. E isso vale para inúmeras profissões, inclusive a minha, de jornalista.

Penso que, em vez de direcionar a energia a uma batalha inglória contra os avanços trazidos pela inovação, é melhor mudar a direção do barco e buscar o porto da inovação. Porque muita coisa está por vir. Estamos pertos de ver o fim dos cartões de crédito, do papel moeda, até mesmo os teclados que uso para escrever esse texto tendem a sumir, já que voz é uma tendência crescente na tecnologia. E aprender novo idioma não será mais necessário, porque há máquinas que ouvem e traduzem tudo em tempo real.

Vivemos numa época que corre acelerada, e quase nos enlouquece porque mal aprendemos algo novo e já surge outra novidade para nos desafiar, numa inversão de posições que nos deixa embasbacados, já que tem sido muito comum ver adultos aprenderem com crianças a usar aparelhos eletrônicos. Até parece que nascem com os manuais de instrução embutidos nos cérebros. Mas tudo não passa de algo que chamo “familiaridade com a tecnologia”. Intuitivamente, os bebês já sabem que, passando o dedinho na tela, algo novo surge para lhes encantar.

Então, tudo é uma questão de tempo. Pois, do jeito que a evolução caminha, mesmo os motoristas da Uber, estes que hoje causam todo este alvoroço, também vão sumir, pois os carros autônomos já estão por aí.

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