Caso Möise

Caso Möise: Acusados negam racismo contra congolês; um deles afirma que 'é preto como a vítima'

Aleson admitiu que agrediu Moïse com um taco de beisebol, porque estava com 'raiva' da vítima

Moïse Kabamgabe, congolês morto em quiosque na Barra da TijucaMoïse Kabamgabe, congolês morto em quiosque na Barra da Tijuca - Foto: Reprodução

Dois dos três acusados da morte do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe negaram que as agressões contra a vítima tivessem motivação racista ou xenofóbica. Em seu depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), na noite de terça-feira,  o garçom Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove, afirmou que "o crime não teve nenhuma motivação racial, até mesmo porque, também é preto, como a vítima".

Já o barraqueiro Brendon Alexander Luz da Silva, conhecido como Tota, também argumentou que não era racista. Defendeu-se dizendo ser "candomblecista", religião de matriz africana, "usualmente praticada por negros". Ressaltou que, por causa disso, "não tinha preconceito contra negros e/ou estrangeiros". 

Brendon, de 21 anos,  Aleson, 27; e o camelô Fábio Pirineus da Silva, o Belo, 41, foram flagrados por câmeras de segurança do quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, no dia 24 de janeiro, agredindo Moïse. A vítima foi atacada com socos, chutes, pedaços de pau e até com golpes provocados por um taco de beisebol, até a morte. O trio foi preso nesta terça-feira pela DHC.

Aleson admitiu que agrediu Moïse com um taco de beisebol, porque estava com "raiva" da vítima. De acordo com seu depoimento, o congolês "já estava perturbando há alguns dias e resolveu extravasar a raiva que estava sentindo" ao agredi-lo.
 

O outro agressor, Brendon, admitiu à polícia que, por ser lutador de jiu-jítsu, derrubou Moïse e o imobilizou. Segundo ele, sua atitude foi para proteger o responsável pelo quiosque Tropicália,  no turno da noite, o atendente Jailton Pereira Campos, durante uma discussão dele com o congolês. Em seguida, de acordo com o barraqueiro, teria chegado Fábio, já munido de um pedaço de pau, com o qual bateu na vítima. Por último, ainda na versão de Brendon, veio Aleson, que trabalha no estabelecimento vizinho ao Tropicália.

Brendon foi reconhecido nas imagens apreendidas pela polícia no quiosque como a pessoa que amarrou Moïse entre os pés e o pescoço. Já no chão, amarrada, a vítima continuou sendo agredida por ele com chutes, conforme as cenas flagradas pelas câmeras do Tropicália e os depoimentos de testemunhas ouvidas pela polícia. O vídeo mostra também Fábio e Aleson atacando o congolês com o taco de beisebol.

Ao representar pela prisão temporária dos três, o delegado-adjunto da DHC, Leandro Teixeira, fundamentou que: "vale ressaltar que os representados agiram com extrema violência, de forma repugnante, sendo o fato amplamente divulgado na mídia com repercussão nacional, onde três indivíduos, sem dar chances de defesa para a vítima, imobiliza e desferem diversos golpes com um taco de beisebol". A Justiça decretou a prisão temporária de Brendon, Aleson e Fábio, nesta quarta-feira.

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