Caso Moïse: mãe do congolês relata ter sido seguida e ameaçada após audiência
Fato ocorreu no último domingo
Ivana Lay, mãe do congolês Moïse Kabagambe — morto em janeiro do ano passado — relata ter sido seguida na Estrada do Portela, em Madureira, Zona Norte do Rio de Janeiro, enquanto ia para um supermercado no último domingo. O fato ocorreu dois dias depois da segunda audiência na Justiça sobre o assassinato do filho e foi noticiado pelo RJ2, da TV Globo.
Em depoimento à polícia, segundo o telejornal, a mãe de Moïse contou que o homem a olhava fixamente. Já dentro do estabelecimento, ele ainda teria feito o sinal de uma arma para ela, com uma das mãos.
— Eu tô pedindo mais segurança para a minha família porque agora fico com muito medo — disse ao RJ2.
A mãe de Moïse foi até uma delegacia registrar o caso no domingo e, nesta quinta-feira, voltou à unidade para prestar esclarecimentos. Na unidade, ela foi acompanhada pelo advogado Rodrigo Mondego, da Comissão de Direitos Humanos da OAB.
— Esse crime de ameaça que ela sofreu no domingo foi dois depois da segunda audiência sobre a morte de Moïse. Ela tá com medo e a gente veio fazer esse registro de ocorrência para apurar esse crime contra ela — afirmou ao RJ2.
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Relembre o caso
O congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, foi morto no dia 24 de janeiro de 2022 no Rio. Ele trabalhava por diárias em um quiosque na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade. A vítima veio para o Brasil em 2014 com a mãe e os irmãos, como refugiado político, para fugir da guerra e da fome. Moïse foi vítima de uma sequência de agressões após ter cobrado dois dias de pagamento atrasado. Seu corpo foi achado amarrado em uma escada.
As imagens do quiosque mostram que as agressões começaram depois de uma discussão entre um homem que segura um pedaço de pau e o congolês, que mexe em objetos do quiosque como uma cadeira, um refrigerador e um cabo de vassoura. Depois que Moïse solta os objetos, se aproximam mais dois homens. Na sequência começa a sessão de agressões. Em vários momentos é possível ver que o a vítima não oferecia resistência enquanto levava golpes com um pedaço de madeira.
O Laudo do Instituto Médico Legal (IML) indicou que a causa da morte foi traumatismo do tórax, com contusão pulmonar, causada por ação contundente. O documento diz ainda que os pulmões de Moíse tinham áreas hemorrágicas de contusão e também vestígios de broncoaspiração de sangue.
Em maio, a Justiça do Rio negou pedido da defesa de dois acusados do assassinato, Fábio Pirineus da Silva e Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, e manteve a prisão preventiva deles. Brendon Alexander Luz da Silva também permanece preso pelo crime.