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HOSPITAL DA RESTAURAÇÃO

Chefe do setor de queimados do Hospital da Restauração alerta: "só restam 4 leitos disponíveis"

Com a chegada das festas de São João, hospital já registra sobrecarga de internações por queimaduras

Setor de queimados já atinge capacidade máxima antes mesmo da noite de São JoãoSetor de queimados já atinge capacidade máxima antes mesmo da noite de São João - Foto: Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

Na véspera da principal noite de São João, o cenário no setor de queimados do Hospital da Restauração (HR), no Recife, já é de alerta máximo.

Dos 40 leitos disponíveis, 36 estão ocupados e a tendência, segundo o médico Marcos Barreto, chefe da unidade, é que o número de casos aumente nas próximas horas.

“Hoje é 23 de junho e só temos quatro leitos disponíveis. Ainda nem começou a noite mais crítica. Já temos um paciente homem adulto internado no corredor da emergência, aguardando vaga”, relatou o médico, que acompanha de perto o aumento de vítimas desde o início do mês.

De acordo com ele, entre os dias 10 e 23 de junho, o HR recebeu 21 pacientes com queimaduras causadas por fogos de artifício.

Marcos Barreto, chefe da unidade de queimados do HR // Foto: Kleyvson Santos/Arquivo Folha de Pernambuco.

Desses, 11 precisaram ser internados. “Essa superlotação já é reflexo das festas de Santo Antônio. Agora com São João, o número tende a aumentar”, afirmou.

Riscos 

Dr. Marcos reforça que grande parte dos acidentes acontece por falhas básicas de segurança durante o manuseio de fogueiras, fogos de artifício e combustíveis.

“As pessoas acendem a fogueira pela lateral, quando o correto é acender por cima. Além disso, elas não devem passar de 1 metro de altura, porque quando ela começa a consumir a tendência é que desmorone para o lado espalhando brasas, o que causa queimaduras graves, principalmente em crianças”, explicou.

Outro alerta importante é sobre o uso de substâncias perigosas no acendimento da fogueira.

“Álcool, gasolina e outros combustíveis voláteis devem ser evitados. Se for utilizar algo, use óleo diesel ou até óleo de cozinha, com estopa dentro de uma latinha, de forma segura”, orientou.

As cozinhas também são locais de alto risco nesta época. O médico relata que acidentes com líquidos ferventes, como canjicas e mungunzás, são frequentes.

“Crianças não devem ficar na cozinha nesse período. Muitas chegam aqui com queimaduras da cabeça aos pés por conta de um panelaço que virou. E, muitas vezes, a mãe também se queima tentando socorrer".

Segundo Barreto, cerca de 1.600 crianças chegam ao setor de queimados do HR por ano, sendo 600 delas internadas.

“Fizemos um levantamento e 88% dos casos infantis têm três origens: acidentes na cozinha, uso inadequado de álcool e gambiarras elétricas. São tragédias evitáveis com medidas simples”, reforçou.

O que fazer em caso de queimadura

O especialista recomenda que, em caso de queimaduras leves, o local afetado seja colocado imediatamente sob água corrente em temperatura ambiente por 15 a 20 minutos.

Depois, deve-se cobrir a área com um pano limpo e úmido e buscar atendimento médico.

“Nada de usar manteiga, pasta de dente ou clara de ovo. Isso só piora a situação, pode causar infecção e aumentar a dor na hora da limpeza”, alertou.

Para queimaduras graves ou lesões provocadas por explosivos, a orientação é parar o sangramento com compressão direta e procurar atendimento hospitalar imediatamente.

“Muitas vezes há perda parcial de membros, e é necessário acionar equipes de cirurgia plástica, vascular e ortopedia”, explicou.

Para onde levar o paciente

Nem todos os casos devem ir diretamente ao HR. O médico recomenda que, nos casos mais leves, o paciente procure primeiro uma UPA ou posto de saúde.

“A avaliação inicial deve ser feita nesses locais. Só os casos mais graves devem ser encaminhados para cá, porque estamos com escassez de leitos”, alertou. “Esse ano está pior do que os anteriores. Estou tentando ao máximo liberar pacientes para abrir vagas, mas o número de internamentos cresce".

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