Cientista brasileiro que criou mosquitos anti-dengue entra na lista dos mais influentes da Nature
Entomologista Luciano Moreira, da Fiocruz, dirige fábrica de insetos infectados pela bactéria Wolbachia, que impedem a transmissão da doença viral
A lista anual que a prestigiosa revista Nature produz elegendo os dez cientistas mais influentes do mundo inclui um brasileiro em 2025: o entomologista (especialista em insetos) Luciano Moreira.
Responsável por um projeto de combate à dengue pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Moreira dirige em Curitiba (PR) a primeira fábrica do país para produção de mosquitos Aedes aegypti que ajudam a neutralizar, em vez de espalhar, o vírus da dengue.
Infectados com a bactéria Wolbachia, os insetos que o cientista criou se tornam menos propensos a transmitir o patógeno, e reduziram a incidência da doença em bairros do Rio e de Niterói, os primeiros lugares onde a ideia foi testada.
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Agora, produzindo mais de 80 milhões de ovos do 'Wolbito', nome dado ao mosquito Aedes com Wolbachia, o projeto passou da fase experimental para operacional.
Os primeiros municípios onde o inseto está sendo liberado em grande escala ficam no sul de Santa Catarina.
Em boa companhia
Moreira aparece na edição desta semana da Nature ao lado de outros nove cientistas que se destacaram em 2025, sendo seis deles da área da Saúde.
Entre eles está Susan Monarez, a epidemiologista demitida da chefia dos dos Centros de Controle de Doenças (CDC) dos EUA por desaprovar políticas anti-vacinas do governo Trump.
Outra foi Sarah Tabrizi, do University College de Londres, que lidera pesquisas sobre uso de terapia gênica para tratar a síndrome de Huntington.
Neste ano, excepcionalmente, um dos prêmios não foi concedido a um cientista, e sim a uma paciente, a bebê KJ Muldoon. Nascida em agosto, ela foi a primeira criança a receber um tratamento de edição genética com a técnica CRISPR para corrigir um anomalia inata em seu DNA.
Nascida com a síndrome rara conhecida pela sigla CPS1, ela teria graves problemas metabólicos, mas chegou ao mundo saudável.
A revista afirma afirma que as menções incluídas Na lista "Nature's 10" é uma forma de reconhecer esforços individuais em pesquisa.
"A ciência moderna é conduzida por equipes, muitas vezes grandes, mas o mundo da pesquisa está repleto de histórias humanas de indivíduos trabalhando", disseram os editores, em comunicado.
"A 'Nature’s 10' não é um prêmio ou uma classificação entre os dez primeiros, mas uma lista que explora desenvolvimentos e histórias importantes na ciência neste ano, e algumas das pessoas que desempenharam papéis importantes neles, juntamente com os seus colegas."

