Dom, 07 de Dezembro

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Colapso de dique agrava emergência ambiental por vazamento de petróleo no Equador

O governo atribuiu o dano em um oleoduto de propriedade estatal ocorrido em 13 de março a uma sabotagem

Trabalhadores da empresa petrolífera estatal do Equador trabalham na limpeza do rio Caple em Esmeraldas, Equador, em 21 de março de 2025. Trabalhadores da empresa petrolífera estatal do Equador trabalham na limpeza do rio Caple em Esmeraldas, Equador, em 21 de março de 2025.  - Foto: Julio Galarza / AFP

O colapso de um dique que ajudava a conter parte dos mais de 25 mil barris de petróleo derramados pela ruptura de um oleoduto há quase duas semanas no noroeste do Equador agravou a emergência ambiental, contaminando rios e praias do Pacífico.

O governo atribuiu o dano em um oleoduto de propriedade estatal ocorrido em 13 de março a uma sabotagem. O vazamento de 25.116 barris de petróleo afetou três rios e o fornecimento de água para várias populações, segundo as autoridades.

Devido às intensas chuvas que caem desde janeiro no país, na terça-feira, um dique de contenção no rio Caple, que se conecta com outros córregos na província costeira de Esmeraldas, na fronteira com a Colômbia, desabou, informou a estatal Petroecuador em um comunicado nesta quarta-feira (26).

Segundo a companhia, sete barreiras de contenção foram instaladas no rio Viche, onde máquinas retiravam pedaços de madeira contaminados com petróleo. Também foi colocado material absorvente nesse afluente, assim como nos rios Caple e Esmeraldas, que desemboca no Pacífico.

A Petroecuador afirmou que os trabalhos também estão sendo realizados para proteger um refúgio natural de vida selvagem, com mais de 250 espécies, como lontras, macacos uivadores, tatus, fragatas e pelicanos.

"Foi um desastre completo", disse à AFP Ronald Ruiz, líder dos moradores da vila de Cube, onde está localizado o dique.

Ele acrescentou que o duro inverno "fez com que o afluente crescesse, trazendo troncos e, consequentemente, rompendo os diques que estavam contendo o petróleo".

Ruiz apontou que cerca de 750 famílias foram afetadas em Cube, onde os habitantes se dedicam à agricultura, pecuária e pesca.

"Temos o rio completamente morto por enquanto, não há atividade de pesca, não podem irrigar as plantações", declarou.

De acordo com o líder comunitário, os pecuaristas tiveram que evacuar seus animais para outras áreas. "Os animais que bebem água deste afluente aparecem mortos por aí", contou.

Após o vazamento, a província de Esmeraldas foi declarada em emergência ambiental, durante a qual foram coletados 30.257 barris de petróleo misturados com água.

O colapso do dique deixou novamente os moradores sem água, o que obrigou a distribuição em caminhões-tanque nesta quarta-feira, segundo a Petroecuador. As autoridades estão ainda distribuindo alimentos e kits de limpeza.

Trata-se de um dos maiores derrames de petróleo dos últimos anos no país. Em 2022, cerca de 6.300 barris afetaram a Amazônia equatoriana, onde, dois anos antes, cerca de 16 mil barris haviam contaminado vários rios.

Em 2024, o Equador extraiu cerca de 475 mil barris de petróleo por dia, seu principal produto de exportação. O país vendeu 73% da produção, o que gerou cerca de 8,64 bilhões de dólares (cerca de 49,5 bilhões de reais).

O petróleo é extraído de poços na selva amazônica e transportado por dois oleodutos até os portos em Esmeraldas.

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