PANDEMIA

Com 54% da população totalmente vacinada, Portugal alivia restrições contra a Covid-19

Coimbra, em PortugalCoimbra, em Portugal - Foto: Divulgação/Universidade de Coimbra

Com mais de 54% da população completamente vacinada contra a Covid-19 (e 67,8% já com a primeira dose do imunizante), Portugal anunciou o alívio de algumas medidas restritivas a partir do próximo domingo (1º). O governo vai acabar com o toque de recolher obrigatório -atualmente em vigor entre as 23h e as 5h na maior parte do país- e irá ampliar o horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais.

Antes obrigados a fecharem às 22h30, restaurantes poderão operar até as 2h. Atividades culturais também retornarão a seus horários habituais de funcionamento. Eventos esportivos voltam a poder ter público, com regras ainda a serem apresentadas pela DGS (Direção-Geral da Saúde).

As medidas fazem parte da primeira das três fases do novo plano de desconfinamento, anunciado nesta quinta-feira (29) pelo primeiro-ministro, António Costa (Partido Socialista), após reunião do Conselho de Ministros.

Se a situação epidemiológica se mantiver sob controle, o plano prevê que mais medidas de restrição sejam retiradas em setembro e em outubro. O governo não descarta acelerar a reabertura caso a cobertura vacinal aumente mais rápido do que o esperado.

"Este momento, em que mais de 50% dos portugueses estão vacinados, é o momento em que podemos dar um novo passo. Sabemos que há uma luta contra o tempo entre a vacinação e a capacidade de o vírus ir ganhando novas qualidades e ir se transformando e criando novas variantes", justificou o premiê.

As autoridades lusas anunciaram também a ampliação da exigência do certificado digital europeu para ter acesso a estabelecimentos e atividades. O documento, válido em todos os países da União Europeia, atesta a vacinação completa, a realização de um teste recente com resultado laboratorial negativo ou ainda a recuperação há menos de seis meses da doença.

O certificado passará a ser exigido para frequentar a área interna de restaurantes em todo o país aos fins de semana e feriados. Até agora, a exigência valia apenas nas cidades com maior risco de contágio.

Clientes que permaneçam nas áreas externas dos restaurantes, por enquanto, estão isentos da medida.
O certificado também é exigido para fazer check-in em hotéis e apartamentos por temporada em todo o território português.

Nas próximas fases, está prevista a apresentação obrigatória do certificado para ter acesso também às aulas de grupo nas academias de ginástica, para frequentar eventos culturais e esportivos e ainda para andar de barco ou avião.

A fase dois do desconfinamento de Portugal começará quando 70% da população estiver vacinada, o que está previsto para o começo de setembro.

Embora continuem obrigatórias em espaços fechados, a exigência de uso de máscaras na rua chegará ao fim. Casamentos, batizados e outras festas, além de espetáculos culturais, também poderão funcionar com até 75% da capacidade de lotação dos espaços.

Transportes públicos deixarão de ter limites de lotação e o atendimento ao público nos serviços do Estado voltará a ser feito sem obrigatoriedade de agendamento.

Quando 85% dos portugueses estiverem vacinados, o que está previsto para outubro, o país vai praticamente acabar com as restrições da era Covid, com o fim dos limites de lotação.

Bares e discotecas -fechados desde março de 2020- poderão voltar a operar. Será obrigatório, no entanto, a apresentação do certificado digital europeu, comprovando a vacinação ou um teste negativo para o SARS-CoV-2.

Em entrevista coletiva para anunciar as medidas, o premiê português celebrou os índices de vacinação do país -acima da média europeia- e grande adesão da população, incluindo os jovens.

Nesta semana, a abertura do autoagendamento da vacina para jovens a partir dos 18 anos teve tanta procura que derrubou a plataforma na internet. Em vários pontos do país, há filas de espera para conseguir um horário para as doses.

Embora o plano de reabertura tenha sido apresentado dois dias depois de uma grande reunião entre especialistas e políticos no Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde), houve algumas queixas sobre a elaboração da estratégia.

Bastonário (presidente) da Ordem dos Médicos de Portugal, Miguel Guimarães afirma que a sua entidade não foi convidada para a reunião e diz que há dificuldade na interlocução com o Ministério da Saúde.

Guimarães também criticou a estratégia de comunicação da situação epidemiológica na reunião, que foi acompanhada ao vivo na internet e na televisão por muitos portugueses.

"Sinceramente, nós continuamos a falhar, porque a comunicação não é fácil de entender. Eu próprio tive dificuldades para entender as medidas que estavam a ser propostas", afirmou Guimarães, em entrevista à Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal na última quarta-feira (29).

Após ser aprontado como bom exemplo da pandemia, Portugal viu a situação sair de controle em janeiro, com alta generalizada de casos e mortes. Com o sistema de saúde sobrecarregado e próximo do colapso, o país chegou a pedir ajuda a outros membros da União Europeia.

A situação foi controlada com um lockdown restritivo, que vigorou por cerca de dois meses e meio. O processo de reabertura, iniciado em abril, acabou interrompido com o aumento de casos provocado pela disseminação da variante delta, identificada primeiro na índia. Atualmente, o país tem cerca de 95% dos casos provocados por essa cepa.

Desde o começo da pandemia, Portugal, que tem cerca de 10,3 milhões de habitantes, já registrou mais de 966 mil casos e 17.330 mortes por Covid-19.

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