Como lidar com a dor? Embora incômoda, ela é um fator necessário até mesmo para a conservação da vid
Os brasileiros sofrem. Pesquisa elencou as que mais afetam os brasileiros: 78% na cabeça, 63% nas costas e 61% musculares. Para quem sente na pele e enfrenta dificuldade no diagnóstico, há médicos e serviços especializados.
Para reforçar essa importância, a algologista indica casos de algumas pessoas que nascem com uma doença chamada analgesia congênita (condição em que não se sente dor) e que muitas vezes morrem antes da idade adulta porque lhes falta esse mecanismo de alerta natural. Contudo, além de ser sintoma, a dor também pode ser a própria doença. “Isso acontece quando ela passa a não ter causa objetiva. É o caso do paciente que tem dor crônica muitas vezes. Neste caso não há a finalidade de avisar algo errado e não há um tempo que seria para ser cuidado”, explicou.
No caso de Vanessa a dor foi um sinal. Tinha uma causa, mas que demorou um ano e meio para ser esclarecida. “Sentia umas dores fortes no quadril descendo para o pé, mal conseguia andar. Fui algumas vezes para o hospital, mas não se descobria. Só diziam que era mau jeito. Passavam anti-inflamatório. As dores eram menos intensas, mas não passava. Foi diagnosticada a bursite de quadril. Fiz infiltração e tudo. Mas só descobri a causa real ano passado”, relembrou. A advogada hoje alia medicamentos e pilates para contornar os episódios mais fortes, mas no dia a dia até dormir é complicado. “Não consigo ficar de um lado só por muito tempo. Fica aquela dor machucada”, confessou.
Já a enxaqueca de Érika a acompanha desde a adolescência. A primeira crise foi aos 16 anos, quando fizeram investigação para tumor no cérebro e meningite. “Faço tratamentos profiláticos, mas sempre quando acontecem mudanças hormonais, como na época da TPM ou menstruação, ou mudanças de rotina, como horário de alimentação ou estresse, não tem como: ela chega. Outro liga e desliga da dor são a ergonomia e ambiente de trabalho. Noite mal dormida também contribui.” A escritora contou que já chegou a perder os sentidos e que seus olhos ficaram vermelhos nas piores crises.
Classificações
Para entender a dor, os médicos usam classificações. A mais comum é a que indica se é aguda ou crônica. A aguda é aquela que acontece em resposta a uma lesão do tecido, a uma fratura, um ferimento, uma doença. Nesses casos, uma vez que resolve a causa, o problema vai desaparecer. Já a crônica é aquela que permanece mesmo após aquele processo ter se restabelecido. Saber fazer essa identificação pode ser o diferencial para os cuidados. “A comunidade médica ainda tem muito receio de tratar dor de forma adequada. Porque ainda há medo da dependência ao opióide. Mas é preciso saber que uma das principais causas de dor crônica é uma dor aguda maltratada”, alertou. A algologista ressaltou que a automedicação é um risco. E que o uso de analgésicos sem acompanhamento médico por períodos prolongados pode piorar o problema.
Escalas
Para medir a intensidade da dor, os hospitais costumam utilizar escalas. A médica destacou que, como a dor é sentida de forma diferente por cada pessoa, essa é a forma do profissional de saúde transformar um dado subjetivo numa tentativa de dado objetivo. “Uma escala muito usada é a escala analógica visual. Ela vai de 0 a 10 e o paciente tem que apontar onde a dor se encaixa. Ela é importante para sabermos que tipo de tratamento é melhor. O tratamento de uma dor leve é totalmente diferente de uma dor intensa. Serve ainda para verificar se o tratamento está fazendo efeito. O ideal é que o paciente vá informando se a escala esta descendo.”
Essa apresentação numerada e colorida é para pacientes alfabetizados e que têm cognição normal. Há outras, ilustradas por rostinhos, que servem para crianças. Também há escalas de dor para cegos, para recém-nascidos e para paciente entubados na UTI. Para tentar identificar a dor, uma das apostas mais atuais é um exame chamado termografia, que, por meio da avaliação de temperatura corporal, consegue identificar o foco delas.Outra dor que tem se tornado bastante comum nos consultórios é reflexo da má postura no uso prolongado de celulares, tablets e notebooks. É a síndrome Text neck (pescoço de texto). “Hoje metade do meu consultório é dor cervical por smartphone. São pessoas cada vez mais jovens. Se antes a população que eu atendia era acima de 40 anos, agora tenho muitos pacientes com menos de 30”, comentou a algologista.
Cotidiano
Com o passar do tempo, o peso sobre o pescoço pode chegar a quase 30 kg, fator que impacta em lesão de vértebra e lesão de ligamentos, como exemplo. “A principal causa de dor nas pessoas em idade produtiva, hoje, é a má ergonomia e o sobrepeso. É a cadeira inadequada, mesa na altura inadequada, teclado e monitor inadequado. Muito tempo em smartphone e tablet. E uma total falta de atividade física. Isso tudo reunido é uma bomba atômica”, destacou.