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Como lidar com a dor? Embora incômoda, ela é um fator necessário até mesmo para a conservação da vid

Os brasileiros sofrem. Pesquisa elencou as que mais afetam os brasileiros: 78% na cabeça, 63% nas costas e 61% musculares. Para quem sente na pele e enfrenta dificuldade no diagnóstico, há médicos e serviços especializados.

Bruno Araújo é presidente estadual do PSDBBruno Araújo é presidente estadual do PSDB - Foto: George Gianni/Divulgação

 

A advogada Vanessa Costa e a escritora e jornalista Erika Valença não se conhecem, mas partilham uma coisa em comum: convivem com a dor. Vanessa descobriu que o incômodo persistente no quadril era megapofise, uma condição de desajuste ósseo que provoca inflamações. Uma semana antes do casamento precisou ficar de muletas. Erika, depois de várias suspeitas, que incluíram tu­mor no cérebro, teve um ve­redicto de enxaqueca sem cau­sa definida. Com episódios que podem surgir do nada, confessou que se sente, muitas vezes, desacreditada na sua doença. Como compreender esse sofrimento subjetivo, mas latente, que impacta na qualidade de vida e produtividade de tantos de nós?
Antes é preciso entender que o sofrimento tanto pode ser sintoma, como doença em si. A médica algologista (especialista em dor) do RealDor Ana Karla Arraes explicou que a dor é um dos fatores necessários para a preser­vação da vida, uma vez que dá pistas sobre a saúde. “Ela talvez seja o sintoma mais importante para manter a gente vivo. Porque quando se tem dor significa que algo está errado e que precisa de atenção e cuidados”, disse.

Para reforçar essa importância, a algologista indica casos de algumas pessoas que nascem com uma doença chamada analgesia congênita (condição em que não se sente dor) e que muitas vezes morrem antes da idade adulta porque lhes falta esse mecanismo de alerta natural. Contudo, além de ser sintoma, a dor também pode ser a própria doença. “Isso acontece quando ela passa a não ter causa objetiva. É o caso do paciente que tem dor crônica muitas vezes. Neste caso não há a finalidade de avisar algo errado e não há um tempo que seria para ser cuidado”, explicou.

No caso de Vanessa a dor foi um sinal. Tinha uma causa, mas que demorou um ano e meio para ser esclarecida. “Sentia umas dores fortes no quadril descendo para o pé, mal conseguia andar. Fui algumas vezes para o hospital, mas não se descobria. Só diziam que era mau jeito. Passavam anti-inflamatório. As dores eram menos intensas, mas não passava. Foi diagnosticada a bursite de quadril. Fiz infiltração e tudo. Mas só descobri a causa real ano passado”, relembrou. A advogada hoje alia medicamentos e pilates para contornar os episódios mais fortes, mas no dia a dia até dormir é complicado. “Não consigo ficar de um lado só por muito tempo. Fica aquela dor machucada”, confessou.

Já a enxaqueca de Érika a acompanha desde a adolescência. A primeira crise foi aos 16 anos, quando fizeram investigação para tumor no cérebro e meningite. “Faço tratamentos profiláticos, mas sempre quando acontecem mudanças hormonais, como na época da TPM ou menstruação, ou mudanças de rotina, como horário de alimentação ou estresse, não tem como: ela chega. Outro liga e desliga da dor são a ergonomia e ambiente de trabalho. Noite mal dormida também contribui.” A escritora contou que já chegou a perder os sentidos e que seus olhos ficaram vermelhos nas piores crises.

Classificações
Para entender a dor, os médicos usam classificações. A mais comum é a que indica se é aguda ou crônica. A aguda é aquela que acontece em resposta a uma lesão do tecido, a uma fratura, um ferimento, uma doença. Nesses casos, uma vez que resolve a causa, o problema vai desaparecer. Já a crônica é aquela que permanece mes­­mo após aquele processo ter se restabelecido. Saber fazer essa identificação pode ser o diferencial para os cuidados. “A comunidade médica ainda tem muito receio de tratar dor de forma adequada. Porque ainda há medo da dependência ao opióide. Mas é preciso saber que uma das principais causas de dor crônica é uma dor aguda maltratada”, alertou. A algologista ressaltou que a automedicação é um risco. E que o uso de analgésicos sem acompanhamento médico por períodos prolongados pode piorar o problema.

Escalas
Para medir a intensidade da dor, os hospitais costumam utilizar escalas. A médica destacou que, como a dor é sentida de forma diferente por cada pessoa, essa é a forma do profissional de saúde transformar um dado subjetivo numa tentativa de dado objetivo. “Uma escala muito usada é a escala analógica visual. Ela vai de 0 a 10 e o paciente tem que apontar onde a dor se encaixa. Ela é importante para sabermos que tipo de tratamento é melhor. O tratamento de uma dor leve é totalmente diferente de uma dor intensa. Serve ainda para verificar se o tratamento está fazendo efeito. O ideal é que o paciente vá informando se a escala esta descendo.”

Essa apresentação numerada e colorida é para pacientes alfabetizados e que têm cognição normal. Há outras, ilustradas por rostinhos, que servem para crianças. Também há escalas de dor para cegos, para recém-nascidos e para paciente entubados na UTI. Para tentar identificar a dor, uma das apostas mais atuais é um exame chamado termografia, que, por meio da avaliação de temperatura corporal, consegue identificar o foco delas.Outra dor que tem se tornado bastante comum nos consultórios é reflexo da má postura no uso prolongado de celulares, tablets e notebooks. É a síndrome Text neck (pescoço de texto). “Hoje metade do meu consultório é dor cervical por smartphone. São pessoas cada vez mais jovens. Se antes a população que eu atendia era acima de 40 anos, agora tenho muitos pacientes com menos de 30”, comentou a algologista.

Cotidiano
Com o passar do tempo, o peso sobre o pescoço pode chegar a quase 30 kg, fator que impacta em lesão de vértebra e lesão de ligamentos, como exemplo. “A principal causa de dor nas pessoas em idade produtiva, hoje, é a má ergonomia e o sobrepeso. É a cadeira inadequada, mesa na altura inadequada, teclado e monitor inadequado. Muito tempo em smartphone e tablet. E uma total falta de atividade física. Isso tudo reunido é uma bomba atômica”, destacou.

 

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