Logo Folha de Pernambuco

OVNIs

Congresso dos EUA faz audiência sobre OVNIs: "Avistamentos não são raros ou isolados"

Após a apresentação dos congressistas, as testemunhas tomaram a palavra para narrar seus encontros com os OVNIs

Ovni abatido no CanadáOvni abatido no Canadá - Foto: Reprodução

Os OVNIs pousaram novamente nesta quarta-feira (26), no Capitólio dos EUA. Membros do subcomitê de Segurança Interna, Fronteiras e Relações Exteriores do Comitê de Supervisão da Câmara ouviram relatos de três testemunhas (“corajosas”, eles as chamaram) sobre suas experiências com objetos não identificados: David Grusch, ex-oficial de inteligência da Força Aérea que afirma que o Pentágono tem em sua posse restos de espaçonaves alienígenas; David Fravor, Comandante da Marinha aposentado; e Ryan Graves, um ex-piloto da Marinha.

A ideia da audiência, a primeira de uma série, era obrigar o Pentágono a divulgar as informações sigilosas de que dispõe para, segundo o congressista republicano Tim Burchett, do Tennessee, um dos mais atuantes no tema, "levantar a tampa da panela”.

— Não podemos confiar em um governo que não confia em seus cidadãos — disse o parlamentar.

Já o ex-agente de inteligência David Grusch afirmou que materiais biológicos não-humanos foram retirados de UAPs (fenômenos aéreos não identificados, em tradução livre).

— Não humano, e essa foi a avaliação de pessoas com conhecimento direto sobre o programa com quem conversei — afirmou Grusch, notório "delator" da ocultação de naves por parte do governo.

Nas palavras de seus colegas Glenn Grothman, de Kentucky, presidente do subcomitê, a aspiração é acabar com "a especulação desenfreada sobre a natureza dos OVNIs, que não beneficia ninguém, com base em fatos".

Após a apresentação dos congressistas, as testemunhas tomaram a palavra para narrar seus encontros com os OVNIs, embora nesta era de renovado interesse por esses artefatos inexplicáveis, uma mudança de nome também seja imposta para combater tabus: o governo e os legisladores dos EUA preferem ser chamados de "fenômenos aéreos não identificados".

Graves começou bombástico:
— Enquanto falamos, nosso céu está cheio de OVNIs, cuja existência é subnotificada. Os avistamentos não são raros, nem isolados. Eles são a rotina. O estigma de OVNIs é real e representa um poderoso desafio para a segurança nacional — afirmou ele no início de sua declaração por escrito.

Graves disse que, para ele, tudo começou em 2014, quando era piloto de F-18 e viu, durante um voo que partiu da costa leste, perto de Virginia Beach.

— Um cubo cinza escuro ou preto dentro de uma esfera transparente que se aproximava de 15 metros do avião. Estimamos que tinha uns três metros de diâmetro — disse.

— Esses encontros se tornaram tão frequentes que discutimos o risco de encontrar um OVNI como parte da preparação do voo — acrescentou.

A uma pergunta de Grothman, ele então forneceu uma solução compartilhada pelos presentes:

— Permitir que os pilotos, militares e comerciais, relatem o que veem sem medo de retaliação.

Sigilo do governo
Grusch, por sua vez, disse que foram os ideais de "verdade e transparência". Sua motivação surgiu depois de ouvir relatos de preocupações de vários colegas e de "respeitados e credenciados militares ativos ou aposentados" de que o Governo atua nessa matéria em segredo, sem a supervisão do Congresso. Essa decisão o levou a sentir que havia "colocado sua vida em perigo".

— E, certamente, meus colegas foram brutalmente retaliados administrativamente por se manifestarem — acrescentou Grusch, que estima que, por esses motivos, apenas 5% dos avistamentos são relatados.

Robert Garcia, da Califórnia, que convocou o comitê para abordar o assunto com uma "mente aberta", perguntou a Grusch se ele achava que o governo tinha quaisquer OVNIs em sua posse.

— Absolutamente, sim, 40 testemunhas confirmaram isso para mim ao longo de quatro anos — respondeu ele.

— E você sabe onde eles podem estar? — Garcia continuou.

— Eu sei e denunciei às autoridades competentes — respondeu a testemunha, que não compartilhou essa informação na audiência.

O terceiro a falar, Fravor, relembrou o dia em 2004, quando participou de exercícios de treinamento como piloto de caça de ataque na costa de San Diego. A certa altura, um controlador disse a ele que a missão deveria ser suspensa, porque eles estavam encontrando artefatos há algumas semanas que desceram como um raio de 80.000 para 20.000 pés e permaneceram nessa altitude por horas. Então, disse Fravor, um objeto branco apareceu "se movendo muito abruptamente na água, como uma bola de pingue-pongue".

— Não sou fã de OVNIs, mas vou lhe dizer que o que vi em um período de cinco minutos é algo que nunca, antes ou depois, vi. Era uma tecnologia incrível — disse. Ele também alertou que não acredita que essa tecnologia esteja "ao alcance de qualquer país da face da Terra".

Terceira audiência
Esta quarta-feira foi a terceira audiência sobre o tema no Congresso, depois de meio século mantendo o assunto sob o tapete. Na realizada em abril na Câmara Alta, Sean Kirkpatrick, diretor do escritório encarregado de avistamentos, explicou que o governo estava examinando atualmente mais de 650 casos de potencial OVNIs.

— Desses, ele acrescentou, priorizamos cerca de metade deles como tendo um valor anômalo e interessante, e agora temos que olhar para eles e nos perguntar: quantos parecem ser verdadeiros? — comentou.

O caminho dos OVNIs para a superfície do discurso público teve um de seus maiores marcos na divulgação em 2017, graças a um artigo do New York Times, citado interminavelmente durante a audiência de quarta-feira, de que o Departamento de Defesa havia lançado um Programa Avançado de Identificação de Ameaças Aeroespaciais, lançado por iniciativa do falecido senador democrata de Nevada, Harry Reid. Nesse estado está a Área 51, uma base militar secreta e ícone da cultura popular que é sinônimo de teorias da conspiração sobre alienígenas, OVNIs e operações encobertas do Governo para, supostamente, esconder do mundo as evidências de que existe vida extraterrestre.

Dois anos depois, a conversa (e a demanda por respostas) começou a se normalizar entre alguns legisladores de Washington. E em 2020, o Pentágono divulgou uma série de vídeos previamente classificados de pilotos envolvidos em três incidentes separados entre 2004 e 2015, nos quais encontros de OVNIs pareciam ter sido observados. A inteligência dos EUA disse então que, embora não houvesse evidência de atividade extraterrestre associada a esses objetos, eles também não descartavam categoricamente.

Em julho, os senadores Mike Rounds (republicano de Dakota do Sul) e Chuck Schumer (democrata de Nova York) apresentaram um projeto de lei para exigir que o governo relate todos os avistamentos de OVNIs a um conselho de revisão que teria autoridade para desclassificar as informações. Esta aspiração obedece a um desejo generalizado, segundo afirmou esta quarta-feira a deputada Ana Paulina Luna (Flórida), uma extremista do Partido Republicano, que recorreu a um inquérito que assegura que 68% dos americanos acreditam que o Governo está a esconder alguma coisa.

Ela também acrescentou: — É inaceitável que os americanos continuem sendo encorajados a pensar que isso não está acontecendo ou que é possível que existam formas de vida inteligentes além dos humanos.

Além disso, a agência aeroespacial dos Estados Unidos, NASA, criou um grupo de trabalho multidisciplinar independente de 16 pessoas para estudar esses fenômenos em profundidade, o que concluiu que a falta de dados de qualidade os impede de ir mais fundo na maioria dos casos.

Nos Estados Unidos, ainda está fresca a memória do incidente do balão chinês que cruzou os céus do país em fevereiro, de ponta a ponta, num sobrevoo transmitido ao vivo pelos canais de notícias. Segundo o Departamento de Estado, estava equipado com antenas capazes de detectar e interceptar sinais de comunicação e outros instrumentos inadequados para um dispositivo meteorológico, que era como Pequim o definia.

Washington sustentou que na verdade era um balão de espionagem, à medida que as tensões diplomáticas cresciam entre as duas superpotências. Por fim, foi abatido, mas nas semanas de uma certa psicose que se seguiu a esse incidente, foi relatado o avistamento de vários objetos cuja natureza não foi esclarecida. Para Grothman, isso foi, disse ele na audiência do Capitólio, uma prova de que o governo dos EUA "não está preparado para esses eventos".

Veja também

Bombardeios israelenses na Faixa de Gaza deixam mais de 58 mortos
ATAQUE

Bombardeios israelenses na Faixa de Gaza deixam mais de 58 mortos

Relatório descarta presença de agentes infiltrados no ataque ao Capitólio dos EUA
ESTADOS UNIDOS

Relatório descarta presença de agentes infiltrados no ataque ao Capitólio dos EUA

Newsletter