Conheça a importância dos músculos respiratórios e saiba como treiná-los
Condicionamento não requer máquinas, pesos e faixas elásticas, mas dispositivos especiais que aplicam resistência quando inspiramos e expiramos
Você sabia que normalmente respiramos mais de 20 mil vezes por dia? Como acontece com muitos processos “automáticos”, muitas vezes ignoramos sua importância, mesmo que nossas vidas dependam diretamente disso. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, não são os pulmões que nos permitem inspirar e expirar o ar sem interrupção. Essa tarefa vital é, na verdade, realizada pelos músculos respiratórios, que movimentam nossas costelas e, assim, permitem que o ar entre e saia pelo nariz ou pela boca.
E assim como acontece com os demais músculos do corpo, também é possível treinar os músculos respiratórios. Esta é uma disciplina que ganhou destaque tanto na reabilitação médica quanto no esporte de alto nível. Esse treinamento não só melhora a saúde respiratória, mas também otimiza o desempenho físico dos atletas e facilita vida daqueles que enfrentam problemas crônicos de saúde.
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É assim que inspiramos e expiramos
A respiração consiste em duas fases: inspiração e expiração do ar. O músculo estrela da inspiração é o diafragma, responsável por cerca de 80% do trabalho em repouso. Mas não está sozinho: também participam os músculos intercostais, localizados entre as costelas (os mesmos da caixa torácica), e alguns do pescoço, como o esternocleidomastoideo.
A expiração, por outro lado, é um processo automático em repouso: tudo o que é necessário é que os músculos inspiratórios relaxem para expelir o ar. Porém, quando tentamos respirar mais rápido, os chamados músculos expiratórios, principalmente os abdominais, entram em ação. Eles também são responsáveis pela tosse, um movimento fundamental para limpar as vias aéreas quando engasgamos ou estamos resfriados.
Embora os músculos respiratórios trabalhem incansavelmente, situações como exercícios intensos ou doenças respiratórias crônicas podem colocá-los no limite. Treiná-los não é diferente de fortalecer braços ou pernas: trata-se de submetê-los a um esforço controlado que os torna mais fortes e resistentes.
Benefícios não só para atletas
O treinamento dos músculos respiratórios não é mais um segredo no esporte de elite. Michael Matthews, vice-campeão mundial de ciclismo e vencedor de várias etapas em Grand Tours, e Jessica Vall, medalhista mundial de natação, incluíram essa técnica em suas rotinas. Times profissionais inteiros de ciclismo e rúgbi também o incorporaram em sua preparação física.
E não é à toa: diversos estudos mostram que ela melhora o desempenho físico e a eficiência respiratória, além de reduzir a sensação de fadiga e falta de ar em modalidades como ciclismo, natação, atletismo, remo, futebol e rúgbi. Fora do esporte, os fisioterapeutas usam o treinamento respiratório para melhorar o bem-estar de pessoas com doenças pulmonares, cardíacas ou neurológicas. Foi demonstrado que este tratamento aumenta a tolerância ao esforço físico, reduz a fadiga e alivia a sensação de falta de ar.
Até mesmo pessoas com dor lombar crônica experimentaram reduções nos níveis de dor e melhorias no controle postural e na função após treinar seus músculos respiratórios. Esses benefícios podem fazer a diferença na independência dos pacientes nas atividades cotidianas: desde caminhar mais longe e mais rápido até subir escadas para chegar em casa com menos dificuldade.
E como você treina?
O treinamento dos músculos respiratórios não requer máquinas, pesos e faixas elásticas de academia, mas sim dispositivos especiais que aplicam resistência quando inspiramos e expiramos através deles. Simples e portáteis, eles podem ser ajustados para adaptar a intensidade às necessidades de cada pessoa: desde atletas de elite até pacientes com doenças crônicas.
Todos nós podemos nos beneficiar desses exercícios, mas que equipamento devo comprar? Com que intensidade treino? Quantas séries, repetições e períodos de descanso devo fazer? Quantas vezes por semana? Essas são perguntas comuns que surgem, e suas respostas são essenciais para executar um treinamento ideal. Por isso, é importante contar com os profissionais certos dependendo do nosso propósito.
Se nosso objetivo é melhorar nossa saúde diante de uma doença, um fisioterapeuta respiratório pode nos ajudar a escolher o aparelho certo e estabelecer um plano adaptado às nossas necessidades. Porém, se o objetivo é melhorar o desempenho esportivo, o melhor é contar com um treinador especializado.