Fogos de artifício e fogueiras demandam cuidados durante o São João 2025; veja dicas de prevenção
Além das queimaduras, é preciso ter atenção para não incomodar pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e pets
O Recife e todo o estado de Pernambuco já estão vivenciando o clima junino. A tradição do São João, rica em cultura, precisa de certos cuidados para se festejar sem problemas. Por isso, a Folha de Pernambuco traz como deve ser a utilização de fogos de artifício e fogueiras.
Além dos cuidados para evitar queimaduras e choques, é importante que o período de São João não se torne um problema para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e pets, por exemplo.
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De acordo com a tenente Paloma Mendes, chefe da seção de marketing e relações públicas do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco (CBMPE), as famílias devem ter uma atenção maior com as crianças.
"Neste período junino, a gente precisa tomar bastante cuidado, principalmente com crianças perto de fogueiras ou com fogos de artifício. Reforçamos que não existem fogos de artifício seguros para crianças. Elas só podem soltar com adultos, além da supervisão perto das fogueiras", enfatizou a tenente.
O Corpo de Bombeiros recomenda o uso de fogueiras com um tamanho máximo de 1,5m e precisam estar, no mínimo, a 5m de distância de combustíveis, casas, eletricidades e fios.
É importante não utilizar materiais inflamáveis como gasolina ou álcool na hora de acender a fogueira.

Fogos de artifício
A tenente Paloma Mendes explica que os fogos de artifício mais potentes devem ser usados por profissionais. Na hora da compra, é preciso observar se os materiais comprados possuem o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
Os adultos que queiram soltar esses fogos precisam observar se ao redor tem população, prédios, materiais combustíveis ou vegetação. Caso algum desses itens esteja presente, os fogos de artifício não devem ser acionados.
Ainda sobre os fogos de artifício, a especialista destaca que aqueles que parecem mais inofensivos como traque de massa ou a vela que solta faísca, são perigosos para as crianças.
"A gente tem ocorrência de lesões nas mãos, queimaduras, porque as mãos das crianças são mais sensíveis", afirmou.

Como reagir em caso de queimaduras?
Se mesmo com todos os cuidados tomados acontecer uma situação de queimadura, a tenente reforça a importância de não utilizar métodos alternativos como passar manteiga, borra de café ou qualquer tipo de solução caseira.
"É importante lavar com água corrente fria, de 10 a 20 minutos, e ir ao médico logo que possível. Caso as queimaduras ocorram nas mãos, nos pés, na face ou em partes genitais, é necessário seguir para o médico urgentemente", afirmou Paloma Mendes.
Além das queimaduras, é importante tomar cuidados com a rede elétrica. A Neoenergia Pernambuco orienta a população para que itens de decoração como bandeirolas, faixas e enfeites sejam feitos com materiais não condutores de eletricidade e jamais presos em postes ou fios.
Se necessário, ligue para o Samu (192), Bombeiros (193) ou Neoenergia (116).

Impactos
O barulho causado pelos fogos de artifício e a fumaça produzida pelas fogueiras podem prejudicar alguns integrantes da sociedade.
Crianças e adolescentes com autismo fazem parte desta lista de afetados. A analista do comportamento e psicopedagoga Cinthia Cardoso explica que os sentidos deles são impactados de diversas maneiras.
"Causa um grande transtorno e desorganização sensorial. [Os autistas] têm, em sua maioria, hipersensibilidade auditiva. Devido ao som elevado e à aglomeração com muitos estímulos, eles podem ser pegos de surpresa e ter uma descarga sensorial muito grande", afirmou a fundadora e diretora da Nuno Desenvolvimento.
Segundo a especialista, se não for possível ir para locais mais isolados e calmos no período junino, os responsáveis podem usar protetores auriculares com objetivo de abafar os sons.
Outro ponto fundamental, na visão de Cinthia Cardoso, é buscar o diálogo com organizadores dos eventos próximos à sua casa.
"Tentem uma conciliação. O que vem primeiro é o bem-estar da vida. Talvez a pessoa não tenha condições de sair de casa e ir para um local silencioso, se não existe condições de montar uma estrutura para recebê-las, que se avalie o que é mais importante. Uma música alta, uma bomba ou a vida daquela pessoa que integra a comunidade", concluiu.
Cuidados com os pets
Animais também sofrem bastantes nos períodos do ano em que há um maior volume de barulho por meio de fogos de artifício.
A médica-veterinária, especializada em cardiologia e pneumologia Cecília Carvalho argumenta que alguns animais são mais sensíveis e o barulho é capaz de desencadear um quadro de ansiedade intensa.
"Isso pode interferir em várias funções, desde o animal ficar com o coração acelerado e com dificuldade para respirar até a língua roxa. Principalmente se o animal tem alguma doença, é bastante preocupante esses quadros de ansiedade extrema ocasionados pelos ruídos dos fogos", afirmou.
Caso os pets permaneçam nas residências durante o momento de uso de fogos de artifício, os tutores podem criar um ambiente para tranquilizar os animais. O fundamental é mantê-los em locais confortáveis e seguros.
"Manter o animal em um local que ele se sinta protegido. Um local que tenha onde o animal se esconder. Alguns gostam de ficar embaixo da cama ou ficar protegidos embaixo de móveis. É possível a pessoa deixar esses ambientes mais protegidos com a janela fechada, luz apagada, evitando os estímulos", iniciou.
"Também deixar que esse animal tenha tudo fácil no local. Água, comida, caixinha de areia (em caso de gatos) para que ele não precise estar se deslocando pela casa caso precise fazer essas coisas", completou a médica-veterinária.
Os cães, de uma forma geral, são mais afetados em relação ao barulho dos fogos. No entanto, é importante ter atenção com os gatos.
Independentemente de qual seja o animal, a maior preocupação para Cecília Carvalho é quando o bicho já tem um histórico de doença cardíaca ou respiratória.
Os responsáveis precisam ficar atentos aos sinais e, sendo necessário, buscar uma emergência veterinária.
"Um ponto muito importante que deve ser levado em consideração é perceber como está a respiração. Alguns animais ficam ofegantes, com os olhos arregalados e inquietos sem que isso leve a algum dano maior. Se o animal começa a ficar com a língua arroxeada, ou começa a ficar meio tonto como se fosse desmaiar, são sinais de que esse animal precisa de um suporte", disse.