Logo Folha de Pernambuco

Notícias

Dedicação ao voluntariado promove novos sentidos à vida

No voluntariado, encontrar o projeto ideal desperta bem-estar nas pessoas que se dispõem a amparar alguém

Samaritanos fazem trabalho voluntário com pessoas em situação de ruaSamaritanos fazem trabalho voluntário com pessoas em situação de rua - Foto: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

Diante da correria diária, muitos não conseguem encontrar tempo para pensar no próximo e ser voluntário. Além de fazer a diferença na vida de pessoas, animais e organizações, o projeto certo pode ajudar a encontrar amigos, aprender novas habilidades e até mesmo avançar na carreira. Sem falar na sensação natural de realização.

Outro benefício importante do voluntariado é a redução do risco de depressão, que tem o isolamento social como um dos fatores de risco. Quem presta gratuitamente serviços para a comunidade onde está inserido garante que manter contato frequente com os outros ajuda a eliminar o stress.

[Vídeo] Confira na reportagem a seguir histórias de pessoas que são voluntários



Há pouco mais de 30 anos, a aposentada Socorro Matos, 63 anos, sofreu um acidente de carro com o marido, que acabou morrendo. Na época era mãe de uma criança de apenas 10 meses. A perda abrupta e a situação traumática levaram a então professora a entrar em depressão. Mas, graças ao trabalho voluntário, ela conseguiu se reerguer. "O trabalho voluntário muda tudo. Você passa a ser uma pessoa melhor e ver o mundo de uma outra forma. Ocupa a mente e não pensa em coisas bobas. Você se livra dos problemas", disse. Atualmente, a aposentada trabalha com pessoas em situação de rua e crianças.

Leia também:
Voluntariado, um gesto de amor ao próximo
Campanhas ajudam vítimas de deslizamentos e inundações


Já a estudante de fisioterapia Mariana Pifano, 20 anos, começou a fazer trabalho voluntário após convites de amigos ainda no ensino médio, em 2016. Ela diz que no começo não tinha maturidade para assimilar o real significado das ações e chegou a parar por um tempo. Contudo, no ano passado, ela voltou e passou a entender melhor os objetivos do voluntariado. "Me dei conta que, além de ajudar os outros, estava também ganhando muito com isso. Passei a valorizar as coisas simples da vida, a ter compaixão e amor pelo próximo, a lidar melhor com as pessoas e ter um melhor relacionamento familiar", comenta a jovem.

Foi durante as atividades do grupo Samaritanos, da Paróquia de Casa Forte, Zona Norte do Recife, que Mariana conheceu o namorado Matheus Cabral, 22 anos. O estudante de engenharia civil conta que desde criança se envolveu com voluntariado. Matheus confessa que aprendeu muito mais do que doou durante os trabalhos. "Você passa a ter humildade e enxergar a dor do outro. Isso lhe inquieta para não ficar parado diante de certas situações sociais. Acho muito difícil quem começa a fazer trabalho voluntário parar pois você amplia sua visão de mundo e passa a enxergar questões até então ignoradas."

[PODCAST] Saiba mais sobre o trabalho voluntário, na entrevista de Jota Batista, com Fábio Silva, criador da ONG Novo Jeito e presidente da Plataforma de Voluntariado Transforma Brasil; Maria da Paz, Presidente da Rede Feminina de Combate ao câncer e do Grupo de Voluntariado do Hospital do Câncer; Eliene Soares, voluntária do CVV - Centro de Valorização da Vida.

Para sair da zona de conforto, há cerca de três anos, o comerciante Carlos André Cavalcanti, 55, começou a fazer trabalho voluntário com pessoas em situação de rua. Ele conta que foi impactante despertar para algo que até então ignorava. "Me fez crescer enquanto ser humano. Me tornei uma pessoa melhor", diz. Na avaliação do comerciante, as ações dele servem de espelho para outras pessoas. "Assim vamos formando uma corrente do bem e aos poucos vamos mudando o mundo ao nosso redor", acrescenta. Carlos diz que não consegue imaginar a vida longe do voluntariado e só deixa de participar quando está doente.

Segundo a psicóloga Lucila Barreto, o envolvimento com voluntariado faz com que a pessoa encontre novos significados e sentidos para a vida, além de desenvolver o sentimento de empatia e de corresponsabilidade. Uma pessoa deprimida que está passando por momentos de introspecção pode se dar conta da contribuição que pode dar em estar em contato com outro e do quanto pode contribuir para o bem estar deste alguém.

"Ao desenvolver trabalhos voluntários a pessoa entra em contato com realidades das mais diversas e dá a possibilidade de simbolicamente ao ajudar reviver situações difíceis e reparar experiências sofridas/traumáticas dando a possibilidade de agir de forma diferente e resignificar essas experiência em algo positivo", comenta.

Veja também

Procurador que processou filho de Biden acusa o presidente de difamar o Departamento de Justiça
EUA

Procurador que processou filho de Biden acusa o presidente de difamar o Departamento de Justiça

Guarda de Diadema (SP) é investigado por morte de rapaz em rodovia
São Paulo

Guarda de Diadema (SP) é investigado por morte de rapaz em rodovia

Newsletter