AÇÃO

Delegada e PMs são alvos de operação contra a maior milícia do Estado do Rio

Investigadores dizem que os agentes forneciam dados sigilosos sobre operações e até escoltavam foragidos

Operação Heron, no RioOperação Heron, no Rio - Foto: reprodução/Globo

O Ministério Público do Rio (MPRJ) e a Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas (Draco-IE) fazem, nesta sexta-feira (20), uma operação para cumprir 10 mandados de prisão preventiva e 11 de de busca e apreensão contra agentes públicos ligados à maior milícia do estado.

Os alvos de mandados de prisão são três policiais militares, seis agentes da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) e um miliciano. Uma delegada da Polícia Civil é alvo de um mandado de busca. A ação foi intitulada Heron.

A delegada é Ana Lúcia da Costa Barros, adjunta da 34ª DP (Bangu). Ela é casada com o policial penal André Guedes Benício Batalha, conhecido como Gue. Ele está entre os presos nesta manhã. A senha da delegada foi usada para acessar a placa de uma pessoa a pedido de um miliciano. Não se sabe se foi ela ou outra pessoa que buscou a informação. A investigação está em andamento.

A organização criminosa já foi chefiada por Wellington da Silva Braga, o Ecko, morto em confronto com a Polícia Civil em 12 de junho de 2021, na comunidade Três Pontes, em Paciência, Zona Oeste do Rio, e hoje é comandada por seu irmão Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada da Capital. Sete pessoas foram presas.

Segundo a investigação, os agentes públicos eram responsáveis pelo repasse de informações privilegiadas aos integrantes da organização criminosa, “sobre segurança pública, posicionamento de viaturas e investigações em andamento”, diz o Ministério Público. Além de repassarem informações sobre grupos rivais, facilitavam a movimentação dos “bondes”, comboios para atividades criminosas, e até escoltavam, com viaturas oficiais, foragidos da Justiça.

— Esse trabalho começou no ano passado após a tentativa da prisão do Garça. Ele atuava em Santa Cruz. Ele conseguiu fugir, mas foram apreendidos cinco telefones e foi pedida a quebra do sigilo telemático. Temos elementos que ele está morto, mas pedimos a prisão — disse Thiago Neves, titular da Draco.

Neves afirmou que foi apontada a participação de agentes públicos nessa milícia:

— Eles tentam sabotar tudo. Existia uma relação promíscua entre os policiais penais e o Garça. Eles o colocaram em grupos de policiais, mesmo não sendo, para ele obter informações privilegiadas. Em relação aos policiais militares, eles faziam um cinturão de segurança para proteger esses milicianos.

São dez mandados de prisão e 11 de busca e apreensão. São alvos da operação desta sexta: Francisco Anderson da Silva Costa, o Garça ou PQD - que está foragido e é apontado como um dos chefes do grupo criminoso, extremamente cruel, contra o qual constam diversos inquéritos para apuração de crime de homicídio, dentre outros delitos de extrema gravidade --; e Luiz Bastos de Oliveira Junior, o Pqdzinho.

Os policiais militares presos nesta sexta são o tenente Matheus Henrique Dias de França, o Franc, à época lotado no 41º BPM (Irajá); o capitão Pedro Augusto Nunes Barbosa, o Nun, lotado na Diretoria de Transporte da PM. Já o sargento Leonardo Corrêa de Oliveira, o sargento Oliveira, lotado no 18º BPM (Jacarepaguá) está foragido.

Os policiais penais presos são André Guedes Benício Batalha, o Gue; Ismael de Farias Santos; Alcimar Badaró Jacques, o Badá; Carlos Eduardo Feitosa de Souza, o Feitosa ou Feio; e Wesley José dos Santos, o Seap. Está sendo procurado o agente Edson da Silva Souza, o amigo S.

De acordo com a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e de Inquéritos Especiais (Draco-IE), que dá apoio na operação, os servidores tinham contato direto com homens de Zinho. O paramilitar é foragido da Justiça e hoje explora toda a Zona Oeste do Rio.

Segundo os investigadores, Garça era um dos principais homens de confiança de Ecko e, de acordo com as investigações, era responsável pela contabilidade dos valores da quadrilha, tanto os provenientes das extorsões e taxas, quanto o pagamento de propina a agentes de segurança. Na operação de um ano atrás, o miliciano conseguiu fugir, mas deixou o aparelho, do qual a polícia obteve detalhes do grupo paramilitar. A Polícia Civil acredita que Garça tenha sido morto a mando de Ecko, em virtude de uma divergência na quadrilha.

Em nota, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária informa que colabora com as investigações e a corregedoria geral da pasta acompanha o caso.

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