Detentas fazem motim após caso de meningite
Colchões foram queimados e grades quebradas na Colônia Penal cobrando ação contra contágio. Estado nega surto
Três dias após a morte de uma detenta da Colônia Penal Feminina do Recife (CPFR) com suspeita de meningite, as secretarias estadual (SES) e municipal de Saúde (Sesau) descartaram que haja um surto da doença na unidade. A afirmação foi reforçada pelo secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico, em visita ao local.
Horas antes, no fim da manhã da última quarta-feira (28), presas realizaram um tumulto pedindo medidas que evitassem a contaminação. Incendiaram colchões e bateram contra grades. Uma reeducanda machucou o pé na confusão, que só foi controlada com a chegada de policiais militares. Segundo o poder público, ações preventivas já foram tomadas.
Equipes da Vigilância Sanitária estiveram na unidade prisional, que fica no Engenho do Meio, Zona Oeste. Os trabalhos contam com a supervisão de um infectologista. Na última segunda-feira (26), quatro mulheres já tinham sido encaminhadas para avaliação fora da CPFR e tiveram a suspeita da doença descartada.
Também havia o indicativo de que outra mulher seria hospitalizada. É a filha da aposentada Brígida Romão, 50 anos. “Ela não para de reclamar de dor. É triste para uma mãe que sabe que sua filha está em desespero e não pode fazer nada”, comentou, do lado de fora da CPFR. Uma detenta de 22 anos contou à Imprensa, por celular, que as reenducandas estão assustadas. “Não estão oferecendo medicamentos a todas. Só para as que tiveram contato com ela (detenta que morreu)”, afirmou.
“Qualquer pessoa que aí dentro se encontrar e tiver algum sintoma será levada às unidades públicas de saúde”, explicou Pedro Eurico, descartando que haja um surto. “Não existem casos de meningite. Houve uma morte por essa doença, que gerou essa informação de surto e uma internação. A partir daí, estamos levantando todos os casos. Não há necessidade de universalizar, dentro dessa comunidade, a medicação, porque não existe surto. Estamos com a situação totalmente sob controle.”
A detenta que morreu foi identificada como Yasmin Maria dos Santos, 21, e teve sintomas suspeitos do tipo viral da enfermidade. A previsão é de que o laudo confirmando a causa da morte seja concluído até o fim de semana.
Outra reeducanda, identificada como Izabel Soares Dias, 22, também apresentou sintomas e está internada no Hospital Correia Picanço, na Tamarineira. A SES informou que a paciente segue estável e que o corpo médico já descartou a hipótese para meningite meningocócica.
Também em visita à CPFR, o promotor da Vara de Execuções Penais, Marcellus Ugiette, disse que pediu às secretarias de Saúde todos os laudos. Ele ressaltou que também é preciso discutir medidas para prevenir outras doenças, como as transmitidas pela água e por pombos. “Há uma grande quantidade de pombos na unidade, por exemplo. Isso precisa ser acompanhado”, declarou, citando o estado de nervosismo das presas. “Houve um momento de insatisfação, mas, quando saímos, elas estavam mais calmas”, disse. A unidade tem vagas para 170 reeducandas, mas abriga cerca de 700. Complexo do Curado
Um reeducando, identificado como Rodrigo Matias da Silva, foi morto a pedradas durante uma briga no Presídio Agente Marcelo Francisco de Araújo, no Complexo Prisional do Curado. O crime ocorreu na madrugada desta quarta-feira (28). O suspeito do delito, que seria um colega de cela da vítima, se apresentou à direção da unidade e foi encaminhado para o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), onde foi autuado.