Detidos na confusão na Cehab, manifestantes têm audiências de custódia na manhã desta quarta
Sem-teto reclamam de violência da polícia. Além de crianças e idosos feridos, um homem teve costelas quebradas e está com hemorragia interna
Os manifestantes do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST-Brasil) detidos na tarde da terça (21), depois que uma caminhada virou confusão com a Polícia, têm audiências de custódia programadas para a partir das 9h desta quarta (22), no Fórum Joana Bezerra, no Recife. Entre as dez pessoas detidas na Central de Flagrantes está o advogado do Movimento, Caio Moura, que foi baleado com bala de borracha pela Polícia.
Segundo o advogado do Centro Dom Helder Câmara, Alexandre Pacheco, que acompanhava o grupo na noite desta terça (21), aconteceram muitas agressões dentro da sede da Companhia Estadual de Habitação de Obras (Cehab). “Eles usaram balas letais. Pelo menos duas pessoas ficaram gravemente feridas, entre elas, um homem que teve duas costelas fraturadas e está com hemorragia interna”, completou Pacheco.
“Há crianças machucadas. Um avô foi agredido quando tentava defender o neto. Idosos também se machucaram”, continuou o advogado. Um dos casos foi o de Roselle Siqueira, de 62 anos, que levou um tiro de borracha no abdômen. Uma jovem, Vitória Regina, de 22 anos, levou um tiro na perna e outro na nádega, segundo informaram manifestantes que a socorreram, e está no Hospital da Restauração.
Segundo Alexandre Pacheco, o advogado Caio Moura recebeu voz de prisão e está sendo acusado injustamente pelos mesmos delitos dos nove manifestantes: associação criminosa, tentativa de incêndio, dado ao patrimônio qualificado e lesão corporal.
O FolhaPE esteve na ocupação, batizada de Carolina de Jesus, onde uma viatura da Polícia fazia guarita pacificamente na noite de ontem. Há cerca de 900 famílias no local, um terreno de cerca de 10 mil metros quadrados (m²) ao lado do Terminal de Ônibus do Barro, às margens da BR-101. O grupo, em sua maioria, é formado por mulheres, e há muitos idosos e crianças. “Tinha muita criança, por isso ninguém esperava que eles atirassem”, comentou Maria Joselita Pereira, uma das coordenadoras do movimento.