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Dezenas de pessoas protestam no Chile contra a nova Constituição

Os manifestantes dizem que "Toda a América Latina está voltando para o comunismo"

FOTO: Martin Bernetti/ AFP

Dezenas de pessoas se manifestaram neste sábado (9), em Santiago para mostrar sua rejeição à nova Constituição que está sendo redigida no Chile, para substituir a promulgada em 1980 pela ditadura de Augusto Pinochet e que deverá ser validada em setembro em um plebiscito de votação obrigatória.

"Rejeição popular", "não aprovo" ou "não mais abusos, nem menos direitos" foram algumas das frases escolhidas pelos manifestantes em suas faixas e cartazes para mostrar seu descontentamento com o trabalho que a Convenção Constitucional realiza na elaboração da nova Carta Magna desde 4 de julho de 2021.

"Não nos protegem, apenas se beneficiam. Eles fizeram absolutamente o oposto do que ofereceram ao povo. Há coisas a mudar aqui, mas não desta forma. Por isso rejeitamos uma nova constituição", disse à AFP Sandra Lavin, trabalhadora independente de 58 anos.

O protesto foi realizado em um parque no centro da capital e os manifestantes acusaram o órgão constituinte de impor na nova Constituição a retirada de direitos como a propriedade privada, legalizar o aborto livre ou expropriar as previdências privadas individuais.

A Convenção já aprovou um artigo que garante direitos sobre o próprio corpo, o que abre a possibilidade de legislar sobre o aborto, algo que atualmente só é permitido quando há risco para a vida da mãe, inviabilidade fetal e em caso de de estupro.

Os manifestantes também alegaram que a nova Carta Magna levará o país ao comunismo pelas mãos do novo presidente Gabriel Boric, um ex-líder estudantil de 36 anos à frente de uma aliança de esquerda que inclui o Partido Comunista, mas que criticou governos como o de Nicolás Maduro na Venezuela e o de Daniel Ortega na Nicarágua.

"Infelizmente, aqui no Chile, se não fizermos alguma coisa, vamos afundar. Toda a América Latina está voltada para o comunismo, os únicos patriotas são (o presidente do Brasil, Jair) Bolsonaro e nós que estamos na rua", disse a manifestante Maria Angélica, 55 anos.

O deputado Agustín Romero, do Partido Republicano (extrema direita), convidou os presentes a não aprovar a nova Constituição no plebiscito de 4 de setembro, alegando que ela será "refundacional", "marxista" e "chavista".

A Convenção Constitucional foi concebida como uma solução institucional após o Chile vivenciar os violentos protestos sociais que engoliram o país em 18 de outubro de 2019 criticando a atual Carta Magna, herdada da ditadura Pinochet (1973-1990), considerada o principal fator da desigualdade no país.

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