Coronavírus

Em meio à alta de casos, Pernambuco tem apenas metade da população com cobertura da terceira dose

Especialista alerta para a importância da aplicação do reforço

Vacinação contra a Covid-19Vacinação contra a Covid-19 - Foto: Ikamahã/Sesau

Pernambuco observa um aumento no número de casos de Covid-19, sobretudo os leves. Nos últimos dias, os boletins diários da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) indicam o registro de mais de 1 mil casos em 24 horas - na última sexta-feira (17), por exemplo, o balanço notificou 1.905 infectados. Essa tendência de alta lança alerta sobre a importância da primeira dose de reforço contra o coronavírus, embora a segunda dose de reforço já esteja disponível para parte da população. 

Segundo os dados mais recentes da SES-PE, o Estado tem uma cobertura vacinal de 50,41% entre os elegíveis para receber o primeiro reforço, que são todos aqueles com 12 anos e mais. Ao todo, foram aplicadas 3.877.809 doses nesse público. O percentual é considerado abaixo da expectativa por especialistas e demanda maior atenção à conscientização da população acerca do pacto coletivo de saúde proposto pela vacinação.

Conselheiro do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) e médico do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), Eduardo Jorge da Fonseca ressalta a importância da terceira dose diante da circulação das subvariantes da ômicron - Pernambuco tem nove casos confirmados da cepa BA.4.

"É essencial a terceira dose para que possa haver proteção das formas mais graves, internamento em UTI e óbitos. É muito preocupante que o Brasil esteja estagnado na vacinação. Estamos com uma alta transmissibilidade do Sars-CoV-2 e isso está acontecendo porque essas variantes da ômicron são muito mais transmissíveis. A gente precisa, de forma efetiva, aumentar essa cobertura", fala o médico.

Com uma campanha nacional de vacinação contra a Covid-19 que já dura um ano e meio, Eduardo Jorge da Fonseca cita sugestões para que a vacina chegue mais próximo das pessoas: "No mercado público, shopping center, que os agentes de saúde façam uma busca ativa das casas das pessoas que não tomaram a terceira dose", completa.

Representante da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) no comitê estadual de vacinação, Eduardo Jorge da FonsecaEduardo Jorge da Fonseca, médico (Foto: Douglas Fagner/SEI)

Momento de preocupação 
Com a combinação de baixa cobertura vacinal da terceira dose, medidas de controle do vírus mais relaxadas, maior circulação viral e celebração das festas juninas, o prognóstico para as próximas semanas, cita Eduardo Jorge, é de preocupação

"Juntando esse comportamento epidemiológico das variantes com as festas juninas que vão acontecer em várias cidades do Interior, há uma preocupação nas próximas semanas que a gente tenha um aumento de internamentos outra vez. Estamos em um momento que as UTIs estão desmobilizadas porque a vacina conseguiu controlar os casos graves", acrescenta.

Ao citar que uma cobertura ideal para maior tranquilidade seria de 80% do primeiro reforço, o conselheiro do Cremepe indica que um fator que colabora para a baixa procura é a sensação de segurança por parte da população com as duas doses recebidas - nesse recorte, a cobertura do Estado é de 83,74%.

"A cobertura vacinal da terceira dose está andando muito devagar. As pessoas estão relaxando o uso de máscaras, vai ter aglomerações de São João", afirma o médico, que completa: "É muito provável, não dá para ter certeza", ao falar sobre um possível cenário de mais internamentos em unidades de terapia intensiva e óbitos. "Nós precisaríamos de 80% de cobertura da terceira dose para ficarmos tranquilos", arremata Eduardo Jorge.

Um dos fatores que vêm afastando parte da população das salas de vacina é o receio por reações após a aplicação. Eduardo Jorge tranquiliza e compara a aplicação com os efeitos da doença em si. "A vacina da Janssen [usada majoritariamente no reforço] dá dor local, febre, dor no corpo. É importante que as pessoas entendam que essa dor tem um prazo de dois dias para ficar bem, enquanto o risco de internamento em UTI é muito mais grave do que as reações que as vacinas podem ocasionar", tranquiliza o médico. 

Seguindo recomendação do Ministério da Saúde, Pernambuco deve anunciar em breve a liberação da segunda dose de reforço para quem tem a partir de 40 anos. Atualmente, a quarta aplicação do imunizante pode ser feita em quem tem 50 anos e mais e profissionais de saúde. 

Vacinação em Pernambuco
Pernambuco aplicou 20.073.638 doses de vacinas contra a Covid- 19 na sua população, desde o início da campanha de imunização no Estado, em 18 de janeiro de 2021.  

Com relação às primeiras doses, foram 8.262.094 aplicações (cobertura de 93,10%). Do total, 7.431.978 pernambucanos (83,74%) já completaram seus esquemas vacinais, sendo 7.256.695 pessoas que foram vacinadas com imunizantes aplicados em duas doses e outros 175.283 pernambucanos que foram contemplados com vacina aplicada em dose única.

Em relação às primeiras doses de reforços (terceira dose), já foram aplicadas 3.877.809 doses (cobertura de 50,41%). Também já foram aplicadas 467.993 segundas doses de reforço (cobertura de 25,3%).
 

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